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Pesquisa eleitoral domina a semana


O mercado financeiro no Brasil deve mostrar nesta semana que o nervosismo recente se dá mais por causa da indefinição no cenário eleitoral do que pela tensão global relacionada à Turquia. A enxurrada de pesquisas de intenção de votos a serem conhecidas já nesta segunda-feira deve influenciar o comportamento dos ativos locais, trazendo mais volatilidade.

A principal questão é se os números dos institutos de peso - CNT/MDA (11h); Ibope (hoje à noite) e Datafolha (quarta-feira) - vão confirmar os cenários apontados pelos levantamentos de menor representatividade. Neles, o tucano Geraldo Alckmin segue sem decolar, enquanto o eventual candidato petista, Fernando Haddad, avançou.

Com o candidato preferido pelo mercado ainda mostrando dificuldades para crescer e a chapa do PT ganhando espaço entre os eleitores, os investidores passaram a ficar mais receosos em relação ao segundo turno das eleições presidenciais. Tal percepção, somada às tensões geopolíticas e à guerra comercial promovidas pelos Estados Unidos, pesa no mercado.

Ainda assim, o que mais preocupa o investidor é a possibilidade de o governo eleito para 2019 não promover as reformas estruturais e os ajustes econômicos que o mercado vê como necessárias. O segundo debate entre presidenciáveis na TV não trouxe novidades a esse tema nas declarações dos candidatos.

Por ora, o rombo nas contas públicas tem sido tolerado - principalmente, pelas agências de classificação de risco - até que se tenha um perspectiva mais evidente em relação à sucessão presidencial. Ainda assim, aos poucos, os ativos de risco vão mudando de patamar, com o dólar firmando-se na casa dos R$ 3,90 e a Bolsa afastando-se da faixa dos 80 mil pontos.

Ou seja, a demanda por prêmio para seguir aplicado no risco do país é crescente. Da mesma de forma, também mudou de patamar a percepção sobre a inflação no Brasil, que passa a orbitar mais próxima da meta, em meio à desvalorização da taxa doméstica de câmbio.

Tal movimento, por sua vez, faz os juros reais voltarem a crescer, o que precisa ser compatível com uma taxa básica superior aos atuais 6,5%. Aliás, a Pesquisa Focus (8h25) deve trazer uma nova rodada de piora nas expectativas do mercado financeiro para inflação e atividade (PIB), mantendo as previsões para câmbio e Selic estáveis - por enquanto.

Ao longo da semana, a agenda econômica doméstica tem apenas como destaque a prévia da inflação oficial ao consumidor brasileiro em agosto (IPCA-15), na quinta-feira. O indicador deve ficar praticamente estável, com o fim dos efeitos da greve dos caminhoneiros sobre os preços e a volta da deflação dos alimentos.

Também saem esperados dados sobre a confiança da indústria, do comércio e do consumidor - a partir de amanhã. No exterior, as atenções se voltam para o simpósio anual em Jackson Hole, que contará com a presença de diversos banqueiros centrais, de quinta-feira a sábado.

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, deve discursar na sexta-feira e pode confirmar as chances de uma nova alta na taxa de juros norte-americana em setembro. Já um quarto aumento, em dezembro, é menos certo. Também não está claro quando o Fed deve fazer uma pausa no movimento.

Tal dúvida reduziu a diferença entre o rendimento (yield) do bônus dos EUA de 2 anos e de 10 anos para o menor nível desde 2007. Entre os indicadores econômicos, saem dados de atividade nos setores industrial e de serviços, na quinta-feira. Um dia antes, o Fed publica a ata da reunião encerrada no início deste mês.

Lá fora, o mercado financeiro inicia a semana em alta. As principais bolsas europeias seguem os ganhos das praças na Ásia - exceto em Tóquio (-0,3%) - e o sinal positivo apontado pelos índices futuros em Nova York, com os investidores mantendo as esperanças de um esfriamento da guerra comercial e à espera do encontro de BCs em Wyoming.

O dólar se recupera em relação às moedas rivais, ganhando terreno frente ao euro, que cai pela primeira vez em quatro dias. O yuan chinês (renminbi), por sua vez, avançou pelo terceiro dia seguido nas negociações na China (onshore), após o BC do país (PBoC) elevar a taxa diária de referência às vésperas da retomada das negociações comerciais com os EUA.

Já a lira turca segue em queda, o que não abala bolsas e moedas de outros países emergentes - à exceção do rand sul-africano. Os mercados turcos estarão fechados durante grande parte desta semana, o que pode significar volumes mais baixos de negociação e oscilações mais acentuadas entre os ativos do país. Nas commodities, os metais básicos e o petróleo sobem.

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