Payroll hoje, feriado amanhã
Hoje é véspera de feriado nos Estados Unidos pelo Dia da Independência e a antecipação do 4 de Julho para amanhã deslocou para hoje a divulgação do relatório oficial sobre o mercado de trabalho (payroll). A previsão é de abertura de 3 milhões de vagas em junho, que se somam à inesperada criação de 2,5 milhões de empregos em maio. Com isso, a taxa de desemprego no país deve cair de 13,3% para 12,5% no período.
Apesar da melhora nos últimos dois meses, a geração de emprego nos EUA ainda está longe de recompor as mais de 20 milhões de vagas fechadas nos dois meses anteriores. Ou seja, a abertura de postos de trabalho segue bem abaixo dos níveis de fevereiro, quando a taxa de desemprego era de 3,5%, ao ritmo de 250 mil novas vagas ao mês. E a recuperação do mercado de trabalho ainda deve levar algum tempo para voltar ao normal.
Diante da vasta oferta de mão de obra disponível, os rendimentos devem cair. O ganho médio do trabalhador nos EUA deve ter mantido em junho o ritmo de queda de 1%, seguindo abaixo de US$ 30 por hora, o que mostra que a maioria das contratações ocorreu em postos de baixos salários. Já em base anual, a expectativa é de aumento médio de 5,0%, mas desacelerando-se em relação à alta de quase 7% vista no mês anterior.
Os números efetivos serão conhecidos às 9h30. No mesmo horário, também saem os pedidos semanais de seguro-desemprego feitos nos EUA, que devem seguir em trajetória de queda, mas sem desfazer a elevada média de quatro semanas, que está em torno de 20 milhões de solicitações. Ainda às 9h30 tem o saldo da balança comercial em maio, que pode dar pistas sobre a demanda interna e externa por bens e serviço.
Ainda no calendário econômico norte-americano, às 11h, é a vez das encomendas às fábricas em maio. No Brasil, o destaque fica com o desempenho da indústria em maio, que deve crescer 6,5%, recuperando uma pequena parte das perdas de quase 30% acumuladas entre março e abril. Já na comparação com maio de 2019, a indústria deve seguir em queda, tombando mais de 20%. Os dados oficiais saem às 9h.
Bolsa sobe, dólar cai
À espera da agenda do dia, os mercados internacionais mantêm o apetite por risco. Essa disposição persiste à medida que os investidores digerem os números que mostram recuperação após a reabertura da atividade, mas que é acompanhada de um salto nos casos de coronavírus. Há, portanto, uma tensão entre a saúde da economia e a saúde da população.
E essa será a maneira de avaliar o comportamento dos ativos de risco daqui para frente. As principais bolsas europeias sobem junto com os índices futuros das bolsas de Nova York hoje, em meio à expectativa de dados robustos no payroll. Os investidores também alimentam esperanças por uma vacina contra a covid-19, o que impulsionou a sessão na Ásia, onde o destaque ficou com a alta de mais de 2% em Xangai e em Hong Kong.
Nos demais mercados, o dólar perde terreno para as moedas de países desenvolvidos e correlacionadas às commodities, ao passo que o petróleo avança na faixa de US$ 40 por barril. Já o juro projetado pelo título norte-americano de 10 anos (T-note) segue ligeiramente abaixo de 0,7%, amparado pela disposição do Federal Reserve em dar apoio à economia dos EUA “por algum tempo”.
É bom lembrar que a proximidade do feriado nos EUA, que fecha Wall Street amanhã, tende a diminuir a liquidez global ao longo do dia, reduzindo o ritmo dos negócios e esvaziando o pregão local amanhã. Ainda mais depois de começar o segundo semestre com o pé direito, com o Ibovespa em alta e o dólar colado à faixa de R$ 5,30, mesmo com o investidor estrangeiro longe daqui.
O saldo de capital externo na Bolsa brasileira está positivo no mês passado em pouco mais de R$ 840 milhões e, a depender do resultado da última terça-feira (dia 30), essa conta pode encerrar no azul pela primeira vez no ano, com os “gringos” colocando mais recursos na renda variável em junho do que retirando. Ainda assim, as saídas no acumulado de 2020 somam mais de R$ 75 bilhões, após a retirada recorde de R$ 44,5 bilhões em 2019.