O bom aluno
Não demorou muito e lá foi Mauricio Macri pedir arrego ao Fundo Monetário Internacional (FMI). É claro que ele vende a situação argentina para seu público como um legado do casal Kirchner. Mas não é preciso ir muito longe para entender como as ações ultraliberais implementadas por seu governo levaram ao cenário atual.
Macri ganhou a eleição – ainda que por estreita margem, ele foi eleito, ao contrário de uns e outros – acusando Cristina Kirchner pelo descontrole da inflação e pelo então elevado nível do dólar ante o peso argentino. Não ficou ausente a alusão à “falta de confiança” do Deus Mercado em Cristina, assim como a demonização da ex-presidenta.
O discurso, encampado pela mídia oligárquica local, surtiu efeito e teve argentino achando que finalmente a inflação ia ceder e comprar dólares ficaria mais barato.
E lá foi o governo Macri descongelar as tarifas públicas, estabelecer um teto de reajuste para as negociações salariais, mudar a política de preços de combustíveis da YPF – opa, que coincidência! – acentuar a liberalização dos mercados financeiros locais e, claro, repassar à iniciativa privada tudo o que desse e pudesse.
É uma receita infalível para levar um país ao FMI. E o FMI cobra caro, a gente sabe. Até o presidente do Banco Central argentino rodou na brincadeira.
Tão iguais e tão diferentes.
Um certo país vizinho só não tomou o mesmo rumo por causa de um robusto colchão de liquidez formado anos atrás, sob uma administração também demonizada pela mídia oligárquica local.
O que não deixa dúvida é que Macri vai ser um aluno exemplar do FMI, talvez superando seus antecessores latino-americanos mais famosos, como Carlos Menem e FHC, na redução do Estado a mero balcão de negócios.