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100 milhões no banco: e agora, ‘roxinho’?

  • Foto do escritor: Olívia Bulla
    Olívia Bulla
  • 15 de mai. de 2024
  • 3 min de leitura

Nubank tem performance melhor que rivais, mas está atrasado na corrida de conta global

Nubank tem performance melhor que rivais, mas está atrasado na corrida de conta global

O Nubank (ROXO34) registrou um salto de 167% no lucro líquido nos três primeiros meses deste ano, a US$ 378,8 milhões. Pouco depois, o ‘roxinho’ alcançou neste mês a marca de 100 milhões de clientes nos países da América Latina onde atua - sendo 92 milhões no Brasil, 7 milhões no México e 1 milhão na Colômbia. 


Até aqui, a dúvida era provar que o modelo de negócios do banco digital, muito dependente de cartão de crédito, é exportável. Ao que tudo indica sim, é possível. Agora, o Nubank precisa mostrar que pode crescer em outras linhas de crédito, também rentáveis, porém mais competitivas. 


É o caso da corrida no (disputado) mercado de conta global, na qual o Nubank entrou atrasado após uma parceria com a Wise e com uma estratégia diferente da dos principais rivais. Grandes bancos e corretoras - como Avenue, XP, C6, BTG, Bradesco e Santander - já oferecem contas internacionais no país.


Atualmente, com apenas R$ 500 é possível ter uma conta global gratuita - sem taxa de manutenção ou anuidade - e investir em ativos negociados no exterior. Aliás, dados da Receita Federal divulgados ontem (14) mostram que mais de 810 mil brasileiros tinham, somados, R$ 1,1 trilhão investidos no exterior ao final de 2023. 


Para se ter uma ideia, cinco anos antes, eram pouco mais de 260 mil - ou seja, um aumento de cerca de 200% no período. Dos brasileiros que declararam bens no exterior, quase 50% tinham ações de outros países, 15% tinham fundos de índice (ETF) lá de fora e outros 13% já possuíam contas internacionais. 


Ultravioleta com cashback


No entanto, o Nubank entrou nesse segmento com foco inicial em clientes do cartão Ultravioleta (de alta renda) e aposta em taxas mais baixas e serviço de internet no exterior. Com isso, o banco digital segue atrasado na parte de investimentos, principalmente em relação aos seus pares. 


No Inter, por exemplo, o banco da família Menin permite investir em ações americanas. Ou seja, além de chegar atrasado e com o sarrafo muito alto, o Nubank sequer demonstra interesse por disputar uma fatia na carteira do investidor brasileiro no exterior. 



Aliás, até hoje, um dos maiores mistérios no sistema bancário é como alguém consegue o cartão ultravioleta. Até porque se mais pessoas adquirirem o plástico dessa cor, a proposta de cashback a 200% do CDI se torna insustentável no longo prazo. 

Um dos maiores mistérios no sistema bancário brasileiro é como consegue o cartão ultravioleta, que paga 200% do CDI

O ‘roxinho’ alcançou fatia de 15% no mercado brasileiro, sendo o segundo maior emissor de cartões no país, atrás apenas do Itaú. Talvez, por isso, quem está de fora vê que agora o Nubank quer um grande portal de notícias para gerar leads - não aquele do jornalismo, mas do marketing, e o qual os jornalistas têm cada vez mais que perseguir.  


Poder roxo


Embora o segmento de cartões de crédito apresente taxas de crescimento aceleradas, o risco de suas operações é superior ao de outras linhas de crédito. Tanto que, combinados, os “cem milhões de um” fizeram a receita do Nubank encerrar março em nível recorde, de US$ 2,7 bilhões, com destaque nas linhas de empréstimo pessoal e cartão de crédito


Junto com o crescimento dessas operações, porém, veio o aumento da inadimplência Os atrasos de até 90 dias atingiram a marca de 5%; acima disso, subiu a 6,3%. Vale lembrar que o início de ano costuma ser marcado por pagamentos atrasados e maior endividamento, em especial entre as pessoas físicas por causa dos gastos com a virada da ‘folhinha’.


No entanto, essas métricas caíram entre os ‘bancões’ tradicionais. Ainda assim, o Nubank superou seus rivais na principal medida do setor financeiro. Conhecida pela sigla em inglês ROE, o retorno anualizado sobre o patrimônio líquido do banco digital saiu de 11% há um ano e fechou o primeiro trimestre em 23% - um dos mais altos do sistema bancário brasileiro. Para se ter uma ideia, o BTG Pactual atingiu 22,8% e o Itaú, 21%, em março. 


Como o patrimônio líquido é igual aos ativos de uma empresa, menos sua dívida, o ROE é considerado o retorno financeiro que uma empresa - no caso, um banco - consegue obter sobre os ativos líquidos. Dito de outro modo, é um indicador que mede a capacidade de gerar valor ao negócio e aos investidores com base nos recursos que possui.


Considerando-se os números do primeiro trimestre, chega-se à conclusão do próprio CFO, Guilherme Lago, que o negócio do Nubank não é minimizar indicadores de inadimplência, mas sim maximizar a receita ajustada pelo risco (das operações). Ou seja, o risco que o banco toma no crédito é mais que compensado pela receita que gera, levando a um aumento da rentabilidade - desde que não seja gerando 1% de cashback em larga escala.



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