Mercados em guerra de trincheira
Petrobras realiza lucros e mercados têm trégua na guerra e nas Treasuries
Dose diária: A Petrobras roubou a cena ontem (23) no mercado financeiro, com os investidores aproveitando os ruídos de interferência política para realizar lucros. Da mesma forma, a ausência de novidades na guerra no Oriente Médio e pausa no rali dos rendimentos dos títulos americanos de longo prazo abriram espaço para os mercados globais respirarem aliviados. Ainda assim, o Ibovespa acabou fechando em queda, seguindo as bolsas de Nova York, com os ativos de risco ainda encontrando dificuldades para recuperarem parte das perdas recentes. Ao mesmo tempo, os investidores não perdem a oportunidade, quando surgir, para colocar os ganhos no bolso, em um movimento conhecido como “guerra de trincheira”.
A Petrobras roubou a cena ontem (23) no mercado financeiro, em meio a ruídos de interferência política. As ações ON e PN afundaram ao menos 6%, cada, acompanhando de forma mais acelerada o tombo nos preços do petróleo. Com isso, a estatal se desvalorizou em mais de R$ 30 bilhões em apenas um dia.
Porém, na semana passada, a Petrobras havia sido destaque no noticiário por cravar recordes, inclusive em termos de valor de mercado, acumulando valorização de mais de 10% no mês. Ou seja, embora haja um desconforto dos investidores quanto à aprovação de revisão no estatuto da empresa, a notícia foi o gatilho para realizar lucros.
Da mesma forma, a ausência de novidades na guerra no Oriente Médio, com a temida escalada do conflito não se materializando e Israel adiando a incursão terrestre em Gaza, abriu espaço para os mercados globais respirarem aliviados. A pausa no rali dos rendimentos (yields) dos títulos americanos (Treasuries) de longo prazo também ajudou.
Mercados dão tiro curto
Ainda assim, o Ibovespa acabou fechando em queda, seguindo as bolsas de Nova York, onde apenas o Nasdaq subiu, antes de balanços da Microsoft e Alphabet (dona do Google). Portanto, os ativos de risco ainda encontram dificuldades para recuperarem parte das perdas recentes.
Contudo, quando surge a oportunidade, os investidores não perdem a chance e colocam os ganhos no bolso. Trata-se de um movimento conhecido como “guerra de trincheira”, de tiro curto, em que os agentes ficam atentos e saem da defensiva para agir apenas quando o ambiente está propício.
Esse comportamento tende a permanecer enquanto não houver clareza no cenário, seja em relação às incertezas políticas ou quanto à narrativa de juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos. Até lá, fatores pontuais, como o noticiário corporativo, a agenda política ou o calendário econômico devem agitar os negócios.
Aliás, a terça-feira reserva dados de atividade na zona do euro, no Reino Unido e nos Estados Unidos, com a resiliência da economia americana se contrastando com a fragilidade europeia. Por aqui, a pauta em Brasília fica em destaque, diante da provável votação do projeto de taxação dos fundos exclusivo e offshore na Câmara.
Pílulas do Dia 💊
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Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 7h:
EUA/Futuros: Dow Jones +0,29%; S&P 500 +0,44% e Nasdaq +0,60%;
NY: Ibovespa em dólar (EWZ) sem negociação no pré-mercado; nos ADRs, da Petrobras +0,59% e da Vale +1,29%;
Europa: Stoxx 600 +0,11%; Frankfurt +0,19%; Paris +0,43%; Londres -0,14%;
Ásia/Fechamento: Tóquio +0,20%; Hong Kong -1,05%; Xangai +0,78%;
Câmbio: DXY +0,21%, 105.76 pontos; euro -0,29%, a US$ 1,0637; libra -0,03%, a US$ 1,2241; dólar -0,04% ante o iene, a 149,65 ienes;
Treasuries: rendimento da T-note de dez anos em 4,847%, de 4,849% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 5,084%, de 5,058% mesma comparação;
Commodities: ouro -0,49%, a US$ 1.977,90 a onça na Comex; petróleo WTI +0,87%, a US$ 86,16 o barril; Brent +0,63%, a US$ 90,40 o barril; o contrato futuro do minério de ferro (janeiro/24) fechou em +1,32% em Dalian (China), a 844 yuans após ajustes (~US$ 115).