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Mercado vive período de provação da fé


Os investidores estão levando a sério aquele ditado popular que diz que a esperança é a última que morre e se agarram na expectativa por um acordo de estímulo fiscal nos Estados Unidos, que acabou pesando ontem no mercado financeiro. Hoje, porém, esse sentimento é renovado, à medida que se aproxima o prazo final nas negociações entre republicanos e democratas. As próximas horas, portanto, serão cruciais.


Por aqui, os investidores dão o benefício da dúvida em relação à sustentabilidade das contas públicas e sustentam uma fé cega de que a equipe econômica irá conseguir apoio do Congresso para avançar a agenda de reformas e respeitar o “teto dos gastos”. Porém, os players mantêm um pé atrás, cientes das idas e vindas na cena política, e só vão se convencer do rigor fiscal quando souberem como o Renda Cidadã será executado.


E isso pode levar um pouco mais de tempo, pois qualquer novidade ficou para depois do pleito municipal. Até lá, a volatilidade tende a continuar nos negócios locais, ficando reféns do exterior. Lá fora, os ativos de risco vivem um “cabo de guerra”, influenciados por outros dois vetores, além do pacote fiscal nos EUA. A disputa pela Casa Branca e a segunda onda de covid-19 na Europa estão no radar pelas próximas semanas.


Diante disso, os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram em alta, alimentando esperança de que a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o secretário do Tesouro do EUA, Steven Mnuchin, irão diminuir as diferenças e definir medidas a serem aprovadas antes da eleição de 3 de novembro. Já as bolsas europeias abriram em baixa, em meio às preocupações com o ambiente político nos dois lados do Atlântico.


O impasse entre o Reino Unido e a União Europeia (UE) em relação a um novo acordo comercial também pressiona os negócios no Velho Continente, com nenhuma dos lados dando sinais de ceder a posição. Com isso, o dólar mede forças frente às moedas rivais, o que atrapalha o petróleo, que segue incrustado na faixa de US$ 40 por barril. Já na Ásia, a sessão foi de leves ganhos em Hong Kong e Xangai, mas queda em Tóquio.


Enquanto isso, os casos globais de coronavírus ultrapassaram 40 milhões, com a pandemia não mostrando sinais de desaceleração, o que vem diminuindo o ímpeto da recuperação econômica global e reforçando a necessidade de estímulos adicionais às famílias e empresas. E é por isso que o Federal Reserve vem pedindo mais apoio fiscal de Washington e uma ala em Brasília ligada ao Palácio do Planalto defende a prorrogação do auxílio emergencial ou do chamado "orçamento de guerra".


Mas enquanto não se concretizar aquilo que os investidores esperam alcançar, os ativos de risco tendem a seguir oscilando dentro de um intervalo de negociação. Ontem, o Ibovespa deixou claro a dificuldade em superar os 100 mil pontos diante das incertezas, assim como o dólar mostrou resistência em firmar-se abaixo da marca de R$ 5,60. Já os juros futuros devolveram prêmios, em meio a um debate sobre a política monetária.


Dia de agenda fraca


A agenda econômica do dia está bem fraca, tanto no Brasil quanto no exterior, trazendo apenas a segunda prévia deste mês do IGP-M (8h) e dados do setor imobiliário norte-americano em setembro (9h30). No front corporativo, destaque para o balanço da Netflix e para o relatório de produção da Vale.


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