Mercado precifica o Trump trade
Volta do republicano à Casa Branca significa tensão contra China e pressão sob o Fed
🧪 Dose diária:
🚨 O mercado começa a “precificar” o que seria, de fato, um Trump trade. Isso traz à tona recordações sobre o que foi a presidência de Donald Trump.
Para quem não se lembra, mais quatro anos do republicano significam elevada tensão comercial com a China e renovada pressão sob o presidente do Fed, Jerome Powell.
Nessa queda de braço, os emergentes, em especial o Brasil, podem tirar proveito. A dúvida é se o complexo do mercado vai permitir aos investidores entenderem isso.
Para mais informações, leia a Bula do Mercado desta quarta-feira (17):
O mercado financeiro começa a “precificar” o que seria, de fato, um Trump trade. Em outras palavras, os investidores começam a embutir nos preços dos ativos o que implica para os mercados globais o retorno de Donald Trump à Casa Branca a partir de 2025.
Para quem não se lembra, mais quatro anos do republicano como o homem mais poderoso do mundo significam restrições comerciais mais rígidas dos Estados Unidos contra a China e repetidos choques com o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell - que, aliás, foi nomeado por Trump em seu primeiro mandato.
Em entrevista no mês passado publicada ontem (16), Trump afirmou que Powell deve permanecer até o fim de seu mandato como presidente do Fed, “especialmente se eu achar que ele está fazendo a coisa certa”. A sentença em destaque é importante e sinaliza que se as taxas de juros nos Estados Unidos não se moverem na direção que Trump prefere (para baixo), a independência do Fed pode estar sob ameaça.
Onda vermelha no mercado
Ainda mais se a tal “onda vermelha” que o mercado cogita se confirmar, com o domínio dos republicanos na Câmara e no Senado permitindo o avanço dos planos elaborados por aliados de Trump para enfraquecer o principal banco central do mundo. É isso o que explica o derretimento do dólar nesta manhã contra as moedas rivais.
O índice DXY já está abaixo de 104 pontos, com o iene subindo mais de 1%, ao passo que o euro e a libra ganham cerca de 0,50%, cada. Já o juro projetado pelas Treasuries está de lado nos vencimentos mais longos, enquanto os títulos mais curtos recuam, indicando que, em algum momento, a inversão da curva de juros americana deve, enfim, chegar ao fim.
Entre as ações, uma onda vermelha já se forma no setor de tecnologia. O receio de uma renovada tensão geopolítica sino-americana, com um novo governo Trump elevando a repressão às exportações chinesas e o acesso aos semicondutores derruba a holandesa ASML, a taiwanesa TSMC e a japonesa Tokyo Electron.
Em Nova York, o futuro do Nasdaq cai mais de 1%, com queda mais pronunciada que o S&P 500 e o Dow Jones. Até Elon Musk está tentando explicar o apoio à chapa presidencial republicana composta por dois candidatos céticos em relação aos subsídios do governo para ajudar a indústria americana de veículos elétricos - depois de Joe Biden taxar a importação dos EV’s chineses para 100%.
E o Brasil?
Nessa queda de braço entre as duas maiores economias do mundo, os emergentes, em especial o Brasil, podem tirar proveito. Afinal, o Ibovespa não possui nenhum grande representante entre as techs. Além disso, a economia doméstica é produtora e exportadora primária de várias commodities que alimentam essa tech war. De quebra, isso fortalece o real e a atividade econômica, colocando em xeque o dólar a R$ 5,40 e o IPCA+ acima de 6%.
Ou seja, a quebra da sequência de 11 altas da bolsa brasileira ontem pode ter sido um breve respiro - uma oportunidade de entrada na renda variável em meio à correção nos preços. Mas nada impede uma continuidade do movimento negativo no curto prazo. Até porque a ligeira baixa de 0,16% foi apenas a primeira deste mês e do segundo semestre.
A dúvida, então, é se o complexo do mercado vai permitir aos investidores locais entenderem o cenário que se desenha em âmbito global. Afinal, se alertar para a chance de antecipação do ciclo de cortes nos juros dos EUA já para julho nada mais é, aos olhos de muitos, um wishful thinking; o que dizer então, daqueles que falam que o Copom deve preparar o mercado para uma possível alta da taxa Selic em setembro?
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⏰️ Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 6h45:
EUA/Futuros: Dow Jones -0,20%; S&P 500 -0,75% e Nasdaq -1,26%;
NY: Ibovespa em dólar (EWZ) -0,65% no pré-mercado; nos ADRs, Vale +0,35% e Petrobras estável;
Europa: índice Stoxx 600 -0,54%; Frankfurt -0,30%; Paris -0,38% e Londres -0,21%;
Ásia/Fechamento: Tóquio -0,43%; Hong Kong +0,06% e Xangai -0,45%;
Câmbio: DXY -0,52% aos 103.73 pontos; euro +0,41, a US$ 1,0945; libra -0,50%, a US$ 1,3040; dólar -1,22% ante o iene, a 156,42 ienes;
Treasuries: rendimento da T-note de dez anos em 4,173%, de 4,163% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,463%, de 4,426% na mesma comparação;
Commodities: ouro +0,31%, a US$ 2.475,00 a onça na Comex; petróleo WTI +0,01%, a US$ 80,77 o barril; Brent -0,08%, a US$ 83,68 o barril; o contrato futuro do minério de ferro mais líquido (setembro/24) fechou em -0,97% em Dalian (China), a 827 yuans a tonelada métrica (US$ 112,96) após ajustes.