Mercado tem pregão a meio-mastro na volta do feriado
Ibovespa volta a funcionar hoje, mas sessão deve ter liquidez reduzida
O Ibovespa volta a funcionar nesta sexta-feira (8), mas deve operar a meio-mastro, com boa parte dos investidores emendando a pausa ontem com o fim de semana e enxugando a liquidez do dia. Aliás, fez bem quem optou pela cautela na véspera do feriado, com a piora no cenário externo contratando um ajuste negativo para os mercados domésticos hoje.
O destaque lá fora ficou para o dólar. A moeda norte-americana vem ganhando força em relação às principais rivais, com o índice DXY - que mede o desempenho ante uma cesta de moedas fortes, como o euro, a libra e o iene - alcançando o maior nível desde março, aos 105 pontos (leia mais abaixo).
No entanto, é importante ressaltar que grande parte do fortalecimento do dólar reflete a diminuição das apostas de cortes nos juros dos Estados Unidos em 2024. Não se trata, portanto, de qualquer expectativa de mais aumentos pelo Federal Reserve neste ano, mas sim da consolidação da narrativa de juros mais altos por mais tempo.
Assim, a previsão para o encontro do Fed na semana que vem continua sendo de “pular” setembro, mantendo a taxa no patamar atual de 5,25-5,50%. Já a decisão em novembro está em aberto. Ao mesmo tempo, o mercado vai jogando para frente a estimativa de início do ciclo de queda, assimilando a tese do “higher for longer”.
Mercado tem dia de ajuste
Seja como for, o comportamento dos ativos no exterior embute um viés positivo para o dólar e os juros futuros no pregão local. De um lado, o mercado de câmbio deve testar a marca de R$ 5,00. Aliás, o baixo volume de negócios previsto para o dia deve favorecer esse movimento, distorcendo as cotações.
Já a ponta longa da curva deve recompor prêmios, porém sem mexer na expectativa para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana que vem. Nem mesmo os sinais de ausência de pressão inflacionária vindos do atacado (leia mais abaixo) estimulam reavaliações agressivas, de corte além de 0,50 ponto percentual (pp) na taxa Selic.
O Ibovespa, por sua vez, começou setembro em um ziguezague. Depois de capotar 5% em agosto, com os gringos realizando a maior venda de ações desde o início da pandemia, o principal índice acionário da bolsa brasileira segue sensível ao ambiente internacional e à piora do clima em Brasília neste início de mês.
O risco fiscal afugenta o investidor da renda variável, em meio à desconfiança quanto à meta de déficit zero em 2024. Ao mesmo tempo, a pauta econômica assusta, com a “surpresinha” no projeto que cria o Desenrola, limitando os juros no crédito rotativo, pressionando os bancos. Assim, ao que tudo indica, o viés do dia para a bolsa é negativo, mas pode ser que a Petrobras amorteça a queda, diante dos ganhos do petróleo.
Pílulas do Dia 💊
105 pontos: Dólar atinge maior nível em seis meses no exterior. Como fica a cotação ante o real? Confira.
Sem pressão: Preços no atacado interrompem tendência de queda, mas alta não sugere repasse da pressão inflacionária ao consumidor. Entenda.
G20: Presidente Lula embarca para a Índia, onde deve anunciar as prioridades da presidência do Brasil no comando do G20. Saiba mais.
Brics: Não é que a China vai ganhar e o Brasil vai perder; vai todo mundo ganhar. Entenda.
Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 7h30:
EUA/Futuros: Dow Jones -0,16%; S&P 500 -0,19% e Nasdaq -0,28%;
NY: Ibovespa em dólar (EWZ) caía 0,07%, aos 30.14 pontos; ADRs da Vale -0,23%; ADRs da Petrobras +1,24%;
Europa: Stoxx 600 -0,52%; Frankfurt -0,73%; Paris -0,54%; Londres -0,35%;
Ásia/Fechamento: Nikkei 255 -1,16%; Hong Kong -1,34%; Xangai -0,18%;
Câmbio: DXY -0,05%, 105.01 pontos; euro +0,06%, a US$ 1,0703; libra +0,06%, a US$ 1,2478; dólar +0,05% ante o iene, a 147,38 ienes;
Treasuries: rendimento da T-note de dez anos em 4,247%, de 4,248% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,949%, de 4,953% mesma comparação;
Commodities: ouro +0,31%, a US$ 1.948,60 a onça na Comex; petróleo WTI +0,62%, a US$ 87,41 o barril; Brent +0,68%, a US$ 90,53 o barril; minério de ferro (janeiro/24) fechou em queda de 1,60% em Dalian (China), a 831,50 yuans a tonelada métrica, após ajustes.