Mercado tem dia de alívio
- Olívia Bulla
- há 1 dia
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Outra mudança de postura de Trump em relação às tarifas traz recuperação ao mercado

O mercado financeiro inicia a semana mais curta por causa do feriado na sexta-feira (18) em várias partes do mundo buscando recuperar mais uma parte das perdas acumuladas no início do mês. Em uma nova mudança de postura, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump recuou em relação às tarifas sobre computadores e eletrônicos. Em vez de 145%, a taxa sobre esses produtos vindos da China será de 20%.
Trata-se de mais um exemplo da estratégia “morde-assopra” de Trump. Daí porque as teorias sobre a tática vinda da Casa Branca variam, indo desde uma “Arte da Negociação” até a “Teoria do Louco”. Pode ser também puro capricho. Fato é que não se sabe se esse vaivém em Washington faz parte do plano ou se, ao contrário, não há plano algum e Trump não tem ideia do que está fazendo.
Seja como for, é difícil não associar esse anúncio de isenção de tarifas sobre eletrônicos fabricados na China à pressão vinda de CEO das big techs. Também deve estar relacionado à queda do índice de sentimento do consumidor norte-americano medido pela Universidade de Michigan. Divulgado na última sexta-feira, o subíndice do dado que se refere às perspectivas ficou abaixo da linha divisória de 50, indicando pessimismo.
Nesta segunda-feira (14), porém, os investidores respiram aliviados. As ações do setor de tecnologia são destaque de alta em Nova York, com o futuro do Nasdaq exibindo ganhos mais acelerados que o S&P e o Dow Jones. Na Europa, as fabricantes de semicondutores também lideram o ranking positivo. Na Ásia, a sessão foi de valorização. A expectativa é de que o Ibovespa acompanhe esse movimento das bolsas lá fora.
Alívio imediato
Enquanto os mercados têm um dia de alívio, ainda é preciso entender o que está acontecendo. O vaivém das tarifas segue no foco desta semana. Com isso, ficam em segundo plano dados de atividade nos EUA e na China, entre eles o PIB chinês, além do discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em Chicago - berço do neoliberalismo econômico - e a decisão de juros do Banco Central Europeu (BCE).
Por isso, o salto anual de 12,4% das exportações chinesas em março não devem passar a impressão errada de que a guerra comercial esfriou. Os ventos contrários estão se intensificando e os dados do comércio entre EUA e China em abril tendem a cair fortemente, uma vez que os importadores norte-americanos devem ter antecipado as compras, prevendo um aumento de tarifas neste mês.
Assim, o termômetro da disputa entre as duas maiores economias do mundo está no mercado de títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) bem como no dólar, principalmente em relação ao yuan chinês (renminbi). É a partir dos movimentos desses ativos que será possível medir a temperatura da escalada geopolítica mundial. Mas a sensação térmica parece clara: é preciso enxergar através da lógica de Trump de desestabilizar o mundo à medida que o clima esquenta (ou esfria) na América.