Mercado recebe IPCA para definir Copom
Inflação deve vir ‘salgada’ e consolidar corte na Selic, mas mercado aposta em surpresa
O Ibovespa e o dólar iniciam a terça-feira (12) de olho em um indicador capaz de mexer com os juros futuros, respingando nos mercados domésticos. Trata-se da inflação ao consumidor (IPCA) em agosto, que será conhecida logo mais (9h), e deve consolidar a expectativa de corte de 0,50 ponto porcentual (pp) na taxa Selic na semana que vem.
Em relação ao indicador em si, a previsão é de que a alta mensal seja um pouco mais que o dobro do apurado em julho (+0,12%). Afinal, em agosto, os preços no varejo foram pressionados pelo fim do desconto na conta de luz e pelo reajuste da gasolina. Com isso, a taxa acumulada em 12 meses deve voltar a ficar acima de 4% e até de 4,5%.
No entanto, há quem espere uma surpresa positiva no dado, em meio à suspeita de que as projeções possam estar exageradas. Afinal, os índices que refletem os preços no atacado não sugerem repasse nem pressão inflacionária, o que tende a manter a tendência de queda dos alimentos. Já os itens de serviços prometem boas notícias.
Entenda o impacto da inflação no mercado
Daí então porque o IPCA de agosto deve mexer com os mercados hoje. O que está em jogo é o plano de voo do Comitê de Política Monetária (Copom). De um lado, as taxas curtas mantêm as fichas em uma queda maior no juro básico, de 0,75 pp - se não agora, em breve. Essa retirada de prêmios da curva a termo do DI favorece a bolsa brasileira.
De outro, o Banco Central brasileiro iniciou o ciclo de cortes em um momento em que as taxas globais seguem em alta. E isso tende a corroer os ganhos com o chamado carry trade, reduzindo a atratividade do diferencial dos juros locais. Ou seja, a premissa de juros mais altos por mais tempo lá fora mantém o dólar forte aqui, reduzindo o apetite por risco.
Por isso, percebe-se uma dificuldade do câmbio doméstico em afastar-se da marca de R$ 5,00. Aliás, a perspectiva é de que a moeda norte-americana encerre o ano não muito distante desse nível, podendo ir além dessa faixa em 2024 (ou não). Afinal, aí outros fatores entram em campo, como a inflação nos Estados Unidos (CPI), que sai amanhã (13). E para não dizer que não falei da China…
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Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 7h30:
EUA/Futuros: Dow Jones -0,11%; S&P 500 -0,18% e Nasdaq -0,19%;
NY: Ibovespa em dólar (EWZ) ainda não tinha negociação no pré-mercado; ADRs da Vale -0,07%; ADRs da Petrobras +0,41%;
Europa: Stoxx 600 +0,02%; Frankfurt -0,34%; Paris -0,13%; Londres +0,55%;
Ásia/Fechamento: Nikkei 255 +0,95%; Hong Kong -0,39%; Xangai -0,18%;
Câmbio: DXY +0,19%, 104.77 pontos; euro -0,27%, a US$ 1,0721; libra -0,26%, a US$ 1,2475; dólar +0,17% ante o iene, a 146,83 ienes;
Treasuries: rendimento da T-note de dez anos em 4,281%, de 4,290% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,990%, de 4,995% mesma comparação;
Commodities: ouro -0,28%, a US$ 1.941,70 a onça na Comex; petróleo WTI +0,85%, a US$ 88,01 o barril; Brent +0,68%, a US$ 91,24 o barril; minério de ferro (janeiro/24) fechou em alta de 1,66% em Dalian (China), a 856,50 yuans a tonelada métrica, após ajustes (~ US$ 117,30).