Mercado quer ‘sextar’, mas bancos centrais não deixam
Dia seguinte à Super Quarta foi de forte ajuste negativo no mercado e pode continuar hoje
Dose diária: O dia seguinte à Super Quarta de decisão de juros foi de forte ajuste negativo nos mercados globais e os investidores não parecem estar muito animados para ‘sextar’. O ajuste à perspectiva de juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos deve ter continuidade hoje, sendo que quanto mais prolongada for essa pausa, menos espaço há para avançar nos cortes da taxa Selic. O risco emergente (leia-se fiscal) pesa nos negócios locais, elevando as dúvidas sobre quando haverá um respiro em termos de fluxo. Por ora, o apetite dos gringos por ativos domésticos voltou a quase zero. No entanto, isso se deve ao (mau) posicionamento dos investidores locais (institucionais e individuais) no mercado. Até lá, o Ibovespa deve continuar sem força, enquanto o dólar tende a respeitar o nível emblemático de R$ 5,00 e os juros futuros não devem se mover muito.
O dia seguinte à Super Quarta de decisão de juros foi de forte ajuste negativo nos mercados globais, como esperado. O tom mais duro (“hawkish”) do Federal Reserve (Fed) e do Comitê de Política Monetária (Copom) na condução da taxa de juros diminuiu o apetite por ativos de risco ontem (21), em especial pelas ações.
Com isso, os investidores não devem estar muito animados para ‘sextar’ hoje e seguem de ressaca da quarta-feira (20). Afinal, o ajuste à perspectiva de juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos deve ter continuidade, sendo que quanto mais prolongada for essa pausa, menos espaço há para avançar nos cortes da taxa Selic. Além disso, ainda estão na mesa um novo aumento neste ano pelo Fed e menos cortes em 2024.
São, portanto, dois pesos extras sobre o Ibovespa. Daí porque a queda aqui (-2,15%) foi mais pronunciada do que em Nova York (Dow Jones -1,08% e S&P 500 -1,64%) na véspera. O risco emergente (leia-se fiscal) também faz preço nos negócios locais, elevando as dúvidas sobre quando haverá um respiro em termos de fluxo.
Por ora, o dinheiro está indo em direção à renda fixa em dólar, ao mesmo tempo em que os estrangeiros dolarizam suas posições no Brasil (saiba mais nas Pílulas do Dia). Tudo isso porque os investidores estão se sentindo perdidos, à espera de uma definição para o cenário de juros tanto lá fora quanto aqui para adequar suas exposições ao risco.
Mercado de ressaca
Ou seja, o apetite dos gringos por ativos domésticos voltou a quase zero. No entanto, isso ocorre devido ao (mau) posicionamento dos investidores locais (institucionais e individuais) no mercado doméstico. Na prática, os estrangeiros estão aguardando a volta dos bancos, gestoras e fundos e das pessoas físicas ao risco para o jogo voltar a rolar.
Até lá, o Ibovespa deve continuar sem força, enquanto o dólar tende a respeitar o nível emblemático de R$ 5,00 e a curva de juros futuros não deve se mover muito. Ao mesmo tempo, os mercados internacionais devem continuar sofrendo - exceto o petróleo, o que adiciona combustível à munição dos bancos centrais no combate à inflação.
Pílulas do Dia 💊
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Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 7h:
EUA/Futuros: Dow Jones +0,12%; S&P 500 +0,26% e Nasdaq +0,48%;
NY: Ibovespa em dólar (EWZ) +0,16% no pré-mercado; ADRs da Vale +1,25%; ADRs da Petrobras +0,67%;
Europa: Stoxx 600 -0,18%; Frankfurt -0,12%; Paris -0,42%; Londres +0,59%;
Ásia/Fechamento: Tóquio -0,52%; Hong Kong +2,28%; Xangai +1,55%;
Câmbio: DXY -0,28%, 105.66 pontos; euro -0,22%, a US$ 1,0640; libra -0,46%, a US$ 1,2240; dólar +0,48% ante o iene, a 148,29 ienes;
Treasuries: rendimento da T-note de dez anos em 4,482%, de 4,494% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 5,136%, de 5,148% mesma comparação;
Commodities: ouro +0,29%, a US$ 1.945,20 a onça na Comex; petróleo WTI +1,06%, a US$ 90,59 o barril; Brent +0,86%, a US$ 94,10 o barril; minério de ferro (janeiro/24) fechou em -0,23% em Dalian (China), a 862 yuans a tonelada métrica, após ajustes (~US$ 118).