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Mercado fica com o pé atrás



O mercado financeiro trocou a fé pela descrença e já acompanha com ceticismo as negociações entre republicanos e democratas para aprovar um pacote fiscal antes das eleições presidenciais, agora que o prazo foi postergado para novas 48 horas para entrarem em acordo. O sinal negativo prevalece entre as bolsas internacionais hoje, encurtando o fôlego dos ativos de risco, um dia após Ibovespa e dólar ficarem de lado.


A ausência de um gatilho por aqui tem deixado os negócios locais mais reféns do cenário externo, enquanto aguardam novidades no front fiscal. Mas o vácuo de notícias vindas de Brasília acabou sendo favorável à recuperação do mercado doméstico. O problema é que sem ações políticas concretas, essa melhora por aqui também perde força, deixando claro que o movimento foi um alívio passageiro e que os investidores não gostam de incertezas.


Ainda mais com o presidente Jair Bolsonaro politizando toda e qualquer situação. Depois de colher os louros na popularidade por causa do auxílio emergencial concedido aos mais vulneráveis ao impacto econômico da pandemia, o representante da nação foi pressionado por apoiadores por causa da vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butatan e acabou recuando na compra da "vachina".


Ao mesmo tempo em que se preocupam com atrasos em lançar estímulos econômicos nos Estados Unidos, os investidores também acompanham o impacto do aumento de casos de coronavírus em toda a Europa. O velho continente registrou um novo recorde de infecções por covid-19 na última semana, com um salto de 25% da doença, o que eleva o temor de uma segunda onda de contágio na região.


Do outro lado do Atlântico Norte, a possibilidade de interferência nas eleições dos EUA também pressiona Wall Street, após a acusação do serviço de Inteligência norte-americana de que Irã e Rússia tiveram acesso e usaram informações de registros de eleitores no país. Na era do disparo de fake news pelas redes sociais, mensagens teriam sido enviadas por organizações de extrema-direita intimidando eleitores democratas.


Sem nenhum progresso significativo no debate fiscal, os mercados reagem à instabilidade política, diante das tentativas de manipular a corrida presidencial. Aliás, acontece hoje à noite, o terceiro (segundo?) e último debate presidencial entre o ex-vice-presidente Joe Biden e o presidente Donald Trump, que pode ser decisivo para o republicano tirar a vantagem do rival nas pesquisas. Mas uma eventual vitória democrata já é “precificada”.


Diante disso, os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram com leves baixas, após uma sessão sem brilho ontem, o que influenciou o pregão hoje na Ásia, que acabou ficando sem rumo definido. Na Europa, as bolsas também estão no vermelho, mas as perdas são moderadas. Os demais ativos têm um desempenho misto, com o dólar ensaiando ganhos, assim como o petróleo. O ouro cai.


Agenda cheia? Só nos EUA


A agenda econômica desta quinta-feira segue esvaziada no Brasil e também com poucos destaques no exterior. Lá fora, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos nos EUA (9h30), dados do setor imobiliário norte-americano em outubro e os indicadores antecedentes do país em setembro, ambos às 11h. Na safra de balanços, AT&T e Coca-Cola divulgam seus resultados trimestrais.


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