Mercado entre o bom senso e a implicância
Mercado passou o último mês e meio contrariado com os bancos centrais
🧪 Dose diária:
🚨 Maio já está chegando à metade e o mercado financeiro passou o último mês e meio contrariado com os bancos centrais.
😤A indicação de que o Federal Reserve vai demorar mais tempo para começar a cortar os juros e o placar dividido do Copom para reduzir o ritmo de queda da Selic não agradaram.
💲O fato é que há uma divergência entre os principais BCs globais. Em um cenário de baixa visibilidade, quando os indicadores econômicos apontarem para uma mesma direção, o consenso nos mercados pode ser tarde demais.
Para mais informações, leia a Bula do Mercado desta segunda-feira (13):
Maio já está chegando à metade e o mercado financeiro passou o último mês e meio contrariado com a indicação de que os cortes na taxa de juros dos Estados Unidos vão demorar mais tempo para começar. Dados de emprego e inflação no país adiaram as expectativas de início do ciclo para setembro - e olhe lá.
O ajuste nos preços dos ativos de risco segue em curso desde então. Por aqui, o abandono da meta de déficit zero agravou ainda mais o desempenho dos negócios locais. O Ibovespa cai 5% no ano e o dólar sobe quase a mesma variação.
Aí quando veio o Copom dividido entre um corte menor, de 0,25 ponto, e uma dose adicional no mesmo ritmo dos últimos seis, o mercado chiou. E não porque não veio a queda maior, de 0,50 ponto, mas sim porque quatro diretores - todos eles indicados pelo governo Lula - votaram para isso, contrariando a ala que já estava ali antes da posse do presidente eleito.
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Vai entender… É mais ou menos quando alguém te diz que você não se adaptou ao novo projeto, com apenas dois meses de gestão.
Enquanto lá fora os investidores não veem a hora de o Federal Reserve começar a reduzir os juros, apesar da resiliência dos preços; aqui, cortar mais a taxa Selic significa maior leniência com a inflação. Mas aí como explicar a previsão de nível terminal do juro básico em um dígito?
A conta não fecha.
Agenda do dissenso
O boletim Focus hoje já deve trazer alguma atualização desse cenário - juntamente com expectativas mais elevadas para o IPCA. Amanhã (14), a ata da reunião do Copom pode repetir o tom duro do comunicado, desfazendo o ruído após uma aparente falha na comunicação do colegiado.
Ou será que foi o mercado que só deu ouvidos às palavras do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto? No Fed, nada menos que cinco dirigentes falaram ao final da semana passada; uns da ala mais suave, outros com as garras expostas.
Ou seja, o dissenso também ocorre no BC dos EUA. Mais que isso, há uma divergência entre os principais BCs globais, com os europeus se movendo em direção a cortes e o japonês tendo que apertar ainda mais. Já o México também parece pouco disposto a seguir baixando os juros, enquanto a Argentina quer deixar a liderança de maior juro do mundo.
O cenário, portanto, é de baixa visibilidade - tanto para os emergentes quanto para as economias desenvolvidas. Ninguém pode fechar os olhos para o outro, sob o risco de ficar para trás. Os dados de atividade e inflação na China, nos EUA e na zona do euro, ao longo desta semana, tendem a refletir essa tendência de descompasso.
Aliás, divulgado no fim de semana, o índice de preços ao consumidor chinês (CPI) subiu pelo terceiro mês consecutivo, com a aceleração de itens não-alimentícios, em meio à recuperação da demanda doméstica. Já os preços ao produtor chinês (PPI) caíram pelo 19° mês consecutivo, com os fabricantes tendo de cortar os preços para vender seus produtos “Made in China”.
A partir de quarta-feira (15), será possível entender como esses números chineses, somados ao desempenho do varejo e da indústria, refletem a economia mundial. Afinal, aquela economia que deixou de ser o “chão de fábrica do mundo” já não exporta mais deflação - algo que o CPI dos EUA e da zona do euro devem mostrar. O problema é que quando os indicadores de atividade nos dois lados do Atlântico Norte apontarem para uma mesma direção, o consenso nos mercados será que os cortes nos juros estão chegando - mas aí pode ser tarde demais.
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⏰️ Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 7h45:
EUA/Futuros: Dow Jones +0,09%; S&P 500 +0,15% e Nasdaq +0,25%;
NY: Ibovespa em dólar (EWZ) +0,41% no pré-mercado; nos ADRs, Vale +1,21% e Petrobras +0,35%;
Europa: índice Stoxx 600 -0,02%; Frankfurt -0,22%; Paris -0,19% e Londres +0,09%;
Ásia/Fechamento: Tóquio -0,13%; Hong Kong +0,80%; Xangai -0,21%;
Câmbio: DXY -0,01%, aos 105.29 pontos; euro +0,06%, a US$ 1,0779; libra +0,06%, a US$ 1,2533; dólar +0,09% ante o iene, a 155,88 ienes;
Treasuries: rendimento da T-note de dez anos em 4,486%, de 4,502% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,853%, de 4,874% na mesma comparação;
Commodities: ouro -1,19%, a US$ 2.346,80 a onça na Comex; petróleo WTI +0,56%, a US$ 78,69 o barril; Brent +0,36%, a US$ 83,09 barril; o contrato futuro do minério de ferro mais líquido (setembro/24) fechou em +0,57% em Dalian (China), a 872 yuans após ajustes (US$ 121,11).