top of page

Mercado em alerta sobre impacto do coronavírus


O mercado financeiro volta a funcionar a pleno vapor hoje, com o retorno do pregão em Wall Street. Mas nem por isso os investidores estão motivados em ampliar o rali dos ativos de risco. Ao contrário. O alerta da Apple ontem à noite, de que não irá cumprir sua meta fiscal no trimestre porque o surto de coronavírus na China reduziu a produção de iPhones, faz lembrar que os impactos da doença na economia global ainda são desconhecidos.


A notícia da gigante de tecnologia mantém os índices futuros das bolsas de Nova York no vermelho e pesou nos negócios na Ásia, que fecharam no negativo, penalizando o início do pregão europeu. Apenas Xangai oscilou em alta, à medida que o número de pessoas infectadas pelo vírus na China segue em desaceleração, com +1,8 mil novos casos.


Mas o mercado financeiro está mesmo preocupado é com o impacto da doença no crescimento econômico, independentemente da melhora na luta contra o coronavírus. A estimativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) chinês caia para a faixa de 4%, com a pausa na atividade afetando os negócios das empresas.


Segundo a Apple, todas as fábricas instaladas na China de fabricação do iPhone foram reabertas e estão fora da província de Hubei, onde está localizado o epicentro da doença, mas a produção está aumentando lentamente. Fora da China, a demanda pelo produto segue forte e em linha com as expectativas da empresa norte-americana.


O alerta da Apple reduz as esperanças de que o impacto da doença na atividade global será limitado e temporário. Agora, a sensação é de que a interrupção econômica na China está começando a se espalhar para as economias vizinhas por meio das cadeias de suprimentos.


Essa percepção afeta as moedas de países asiáticos, que caem em relação ao dólar. Ao mesmo tempo, os investidores elevam a cautela e evitam uma exposição ao risco, antes de avaliar a profundidade das consequências econômicas do coronavírus, o que favorece a busca por proteção no ouro e nos títulos norte-americanos (Treasuries). Já o petróleo cai.


Afinal, a doença respiratória se dá em um momento delicado da economia global, que já vinha acumulando sinais de fragilidade do crescimento antes mesmo da eclosão do surto. Com isso, o processo de recuperação da atividade pode se dar de forma desigual - ou mesmo haver esgotamento nos processos de produção.


Por outro lado, a China afirma que a epidemia não irá afetar seu objetivo estratégico de longo prazo. O governo chinês acredita que o consumo doméstico irá se recuperar e que o país irá retomar a competitividade e os investimentos externos, por causa da demanda interna e do potencial de crescimento de diversas indústrias.


Dólar reflete juros


Aqui no Brasil, o receio quanto ao impacto do coronavírus nas exportações de commodities industriais e agrícolas soma-se à frustração com o ritmo da recuperação doméstica na virada de 2019 para 2020. Tal cenário sustenta o dólar acima de R$ 4,30, diante da possibilidade de novos cortes na Selic ainda neste ano.


A moeda norte-americana reage, dentre outros fatores, à incerteza sobre a trajetória da taxa básica de juros, diante da perspectiva de um crescimento menor da economia brasileira em 2020, com a alta de 2% sendo teto - e não mais piso - das projeções. Mas ainda há dúvidas sobre se essa retomada econômica gradual sugere restrições de oferta ou de demanda.


A depender da conclusão, o próximo movimento do Banco Central em relação à Selic pode ser de alta - e não de queda, como prevê o mercado financeiro. Afinal, o impacto do surto de coronavírus nas economias emergentes e exportadoras de commodities ainda é desconhecido, tanto na atividade quanto na inflação.


Dia de agenda fraca


A agenda econômica desta terça-feira segue mais fraca, trazendo apenas, no Brasil, a segunda prévia deste mês do IGP-M e de índices regionais de preços ao consumidor (IPC). Na safra doméstica de balanços, serão conhecidos os resultados trimestrais de Ecorodovias, Energias do Brasil, IRB e Engie Brasil, entre outras.


Já no exterior, o dia começa com o índice ZEW de sentimento econômico na Alemanha e na zona do euro em fevereiro. Pela manhã, nos EUA, saem dados sobre a atividade industrial em Nova York (10h30) e o índice de confiança das construtoras (12h), ambos referentes a este mês, além do fluxo de capital estrangeiro de/para o país em dezembro (18h).




Posts Destacados
bottom of page