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Copom fecha a porta e mercado se ajusta


O dia promete ser de ajustes no mercado financeiro doméstico, principalmente no dólar, na esteira da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de entregar a redução de 0,25 ponto na taxa básica de juros, mas afirmar, no comunicado, que vê como “adequada” a interrupção do ciclo de cortes, estacionando a Selic no novo piso histórico de 4,25%.


Ao recomendar cautela, o Banco Central salientou tanto o “peso crescente” das expectativas de inflação para o ano de 2021 quanto as transformações na intermediação financeira e no mercado de crédito e de capitais do país. O BC citou também os riscos envolvendo o cenário externo e com uma eventual frustração na agenda de reformas.


Com isso, o Copom consegue fazer uma pausa para recompor o fôlego e verificar como a economia brasileira está evoluindo, desde o início do processo de estímulos monetários, em julho de 2019, bem como avaliar o desempenho dos mercados globais diante do surto de coronavírus na China. Mas o BC está atento mesmo é no comportamento do dólar.


A moeda norte-americana encerrou ontem cotada abaixo de R$ 4,25 e hoje pode buscar a faixa de R$ 4,20 - ou menos, uma vez que a autoridade monetária não reconheceu, mas está mesmo preocupada é com a desvalorização do real. Afinal, o BC fechou de vez a porta para cortes adicionais em março para não perder o controle do câmbio.


Aliás, o mercado cambial também reage à venda da fatia do BNDES na Petrobras por R$ 22 bilhões, com o preço da ação ordinárias (ON) da petrolífera saindo a R$ 30, abaixo do esperado. Ao final do pregão de ontem, PETR3 era cotada a R$ 30,48, em queda de 0,9%.


Já o ajuste no mercado de juros futuros tende a ser residual, com os vértices curtos corrigindo as apostas de corte na Selic em março e as taxas mais longas seguindo comprimidas, diante da credibilidade do Banco Central. Afinal, não há dúvida de que o Copom discutiu simplesmente não cortar a Selic neste mês, mas a autoridade monetária decidiu reduzir o juro básico em mais 0,25 ponto justamente para não criar nenhum ruído.


Agora, a discussão é por quanto tempo a taxa básica ficará estável e em nível estimulativo. O Copom se antecipou e disse que os “próximos passos” vão depender da evolução da atividade e das projeções de inflação. E se a economia crescer menos, com uma expansão de 2% neste ano sendo teto, e os preços ao consumidor seguirem pressionados, aí sim, os ativos domésticos estarão sujeitos a uma grande correção...


Exterior perde o medo


Os mercados internacionais perderam o medo do coronavírus e seguem confiantes de que o surto da doença respiratória na China será contido. Esse otimismo mantém o apetite por risco no exterior, com os negócios recebendo um impulso extra após a decisão do governo chinês de reduzir à metade as tarifas de importação sobre US$ 75 bilhões em produtos dos Estados Unidos a partir da semana que vem.


As tarifas de 10% sobre mercadorias norte-americanas válidas desde setembro serão cortadas para 5%, enquanto outros produtos que têm taxação adicional de 5% passarão a ter sobretaxa de 2,5%. As novas tarifas entram em vigor dia 14.


Em comunicado, o Ministério das Finanças afirma que a medida foi tomada para “promover o desenvolvimento saudável e estável das relações econômicas e comerciais sino-americanas”. A declaração não menciona o atual surto de coronavírus, mas algumas tarifas contra importações de produtos dos EUA que poderiam ser usadas para ajudar no tratamento de vítimas da epidemia já foram suspensas desde sábado.


Em reação, as principais bolsas asiática encerraram a sessão novamente em alta, com os ganhos liderados por Hong Kong e Tóquio, que avançaram 2,4%, cada. Seul também teve alta firme, de 2,9%. Já a Bolsa de Xangai subiu 1,7%, apesar de os casos confirmados de coronavírus subirem para pouco mais de 28 mil, com 564 mortes. Mas o números de curados é mais que o dobro, alcançando 1.245 pessoas.


Ontem, rumores de que pesquisadores avançaram no desenvolvimento de uma vacina animou os mercados, mas a OMS afirmou que ainda não há uma tratamento eficaz contra a doença. Ainda assim, os investidores seguem confiantes de que o impacto econômico do surto de coronavírus na economia global será contido e terá vida curta, com qualquer progresso no tratamento da infecção respiratória servindo de consolo.


Com isso, o mercado global não apenas sustenta o rali recente, como estica mais os ganhos. Um dia após Wall Street cravar a terceira alta consecutiva, os índices futuros das bolsas de Nova York apontam uma nova sessão no azul, o que embala a abertura do pregão europeu, apesar do tombo nas encomendas às fábricas alemãs (-2,1%) em dezembro. A previsão era de aumento de 0,7% em relação a novembro.


Nos demais mercados, o barril do petróleo tipo WTI e Brent avança para além da marca de US$ 50, ao passo que o dólar mede forças em relação às moedas rivais, perdendo terreno para o euro e o iene, mas avançando em relação à libra. Já o xará australiano (aussie) ensaia ganhos. Já o rendimento (yield) dos títulos norte-americanos de 10 anos (T-note) avançam para a faixa de 1,67%, diante da robustez da economia dos EUA.


Dia de agenda fraca


A agenda econômica desta quinta-feira está mais fraca e sem destaques. Por aqui, saem indicadores sobre o mercado de trabalho em janeiro (8h), enquanto no exterior serão conhecidos os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos nos EUA, além de dados preliminares sobre o custo da mão de obra e a produtividade no país - todos às 10h30. Na safra brasileira de balanços, saem os resultados trimestrais de Klabin e Lojas Renner.



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