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Huawei lança smartphone e acirra batalha na tech war

Pura 70 tem desafio de superar sucesso do Mate 60 e mostrar avanço tecnológico na China


Pura 70 tem desafio de superar sucesso do Mate 60 e mostrar avanço tecnológico na China

A Huawei iniciou no mês passado a pré-venda no mercado chinês dos quatro smartphones da linha Pura 70 (normal, Plus, Pro e Ultra). Conhecido como P70, o lançamento global do mais recente modelo premium da fabricante chinesa está marcado para esta quinta-feira (22) e surge com o desafio de superar o sucesso de seu antecessor, o Mate 60. 


Não há informações sobre a chegada de nenhum dos dois aparelhos no Brasil. Mas o que importa de fato é se a série Pura irá mostrar a capacidade da gigante de tecnologia de fabricar um chip avançado produzido com muito mais peças locais e em território chinês. 


Ao que tudo indica, não. As sanções dos Estados Unidos contra a empresa com sede em Shenzhen parecem ter atrasado o progresso tecnológico da China. É o que aponta análise técnica feita pelo iFixit e a TechSearch International, citada pela Reuters


Para a empresa de reparos técnicos e a consultoria, a Huawei conseguiu apenas melhorias incrementais, com o chip de processamento de 7 nanômetros (nm) Kirin 9010 sendo apenas uma versão ligeiramente melhor do usado na série Mate 60, o 9000S. 


“O fato de o 9010 ainda ser um chip de 7 nm e estar tão próximo do 9000S sugere que a fabricação de chips na China perdeu tração”, afirma a iFixit

Porém, não se deve subestimar a capacidade de inovação da Huawei. O parceiro da empresa na fabricação de chips, a SMIC - que foi responsável pelo chip surpresa de 7 nm nos smartphones do Mate 60 no ano passado - deve lançar chips de 5 nm ainda neste ano.


Vale lembrar que o lançamento do Mate 60 em agosto de 2023 com um processador fabricado na China acendeu o sinal de alerta nos EUA. Washington, então, adotou novas restrições, revogando as licenças de exportação da Intel e Qualcomm para fornecer chips a fabricantes locais que apoiam a Huawei na produção de smartphones e laptops.  


Trade (Tech) War


Não é de hoje que EUA e China travam uma guerra comercial. A batalha começou em 2018 quando o então presidente Donald Trump passou a sobretaxar a importação de produtos chineses, o que instigou retaliações por parte de Pequim. De lá para cá, a disputa ganhou novos contornos, revelando que o que está em jogo é a tecnologia de ponta.


Por ora, não se pode dizer que a China ficou para trás na corrida da “escada tecnológica”. O economista Paulo Gala explica que para evitar a “armadilha da renda média” é preciso “subir até os degraus mais altos”, caminhando na sofisticação produtiva, rumo à maior autossuficiência para então esgotar o estoque ocioso de mão de obra. 


Por isso, o Ministério do Comércio chinês classifica as práticas comerciais adotadas pelos EUA como um “ato típico de coerção econômica”, que visa atingir o desenvolvimento chinês. Além disso, a China acusa os EUA de violar as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e de prejudicar os interesses das próprias empresas americanas. 


A China, aliás, é o maior mercado consumidor de smartphones do mundo. O problema é que desde que a batalha sino-americana ficou mais acirrada, os chineses têm deixado de lado a paixão pelas invenções da Apple, que desde 2014 rivaliza com a Samsung a liderança de marca mais vendida no mundo.


Há quem diga que o nacionalismo chinês complica os negócios das empresas ocidentais. Fato é que a Huawei vinha crescendo e ganhou destaque na segunda metade da década de 2010, conseguindo até ultrapassar a Samsung como a marca de smartphones mais vendida no segundo trimestre de 2020. 


Já a Apple passou a oferecer grandes descontos neste ano em modelos selecionados em meio à queda nas vendas na China. Mas a estratégia não funcionou, ao menos por ora. No primeiro trimestre, as vendas da Apple na China caíram 6,6%, em meio a uma série de lançamentos de smartphones top de linha da rival chinesa Huawei.


Juntos e mais fortes


Dados compilados pelo Statista a partir do IDC Quarterly Mobile Phone Tracker mostram que entre janeiro e março deste ano um em cada 5 (ou 20%) dos 289 milhões de smartphones vendidos no mundo eram da Samsung. Logo atrás, estava a Apple, com uma fatia global de 17,3%. 


No entanto, a Xiaomi não ficou muito atrás do duopólio e conquistou uma participação de mercado de 14,1%. Ou seja, 41 milhões dos 289 milhões de smartphones vendidos neste início de ano no mundo eram da empresa chinesa. 


O que chama a atenção é que ao lado da Xiaomi estão outras duas chinesas: Transsion e Oppo. Embora sejam menos conhecidas no mercado global, a Transsion, por exemplo, produziu cada décimo de smartphone vendido nos primeiros três meses de 2024. 


Os aparelhos da empresa, existente desde 2006, tornaram-se mais populares em mercados emergentes, em especial na África. Já a Oppo ocupou o lugar deixado pela Huawei e, juntamente com a Xiaomi, possui participação de mercado que oscila entre 20% e 25% desde 2021.


Isso significa que a ascensão da Huawei, que foi interrompida ao final de 2020, tinha a companhia de outras rivais locais. Ou seja, o duopólio iPhone e Galaxy é cada vez mais ameaçado por outras empresas chinesas de tecnologia - e não apenas pela Huawei, formando um exército chinês na guerra pela hegemonia tecnológica. 



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