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Bolsonaro dispara


O Datafolha ontem não apenas reforçou os números do Ibope do dia anterior, mas também mostrou um crescimento ainda maior de Jair Bolsonaro no primeiro turno, abrindo 11 pontos de vantagem sobre Fernando Haddad. O candidato do PT oscilou de 22% para 21%, ficando sem crescer pela primeira vez e sinalizando um "teto", ao mesmo tempo em que viu sua rejeição saltar de 32% para 41%, encostando na do líder da corrida.

Em um cenário de segundo turno, Bolsonaro cresceu de 39% para 44% e está tecnicamente empatado com Haddad, que caiu de 45% para 42%. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais (pp). Ainda conforme o Datafolha, Ciro Gomes manteve os 11% de intenção de voto, enquanto Geraldo Alckmin passou de 10% para 9% e Marina Silva foi de 5% para 4%. Votos em branco, nulo ou em nenhum candidato oscilaram de 10% para 8%. O levantamento foi feito ontem com 3.240 eleitores em 225 cidades brasileiras.

Portanto, a trajetória de alta de Bolsonaro - a primeira fora da margem de erro desde agosto - ocorre logo após as manifestações contra ele durante o fim de semana, ampliando a distância em relação a Haddad. Muitos analistas esperavam que a intenção de voto na extrema-direita pudesse sofrer depois dos protestos. Mas o efeito foi contrário, corroborando a estratégia inversa de que quanto mais se fala do principal oponente, mais ele cresce... Parece massa com fermento.

Com o Datafolha de ontem confirmando o Ibope do dia anterior, a festa no mercado financeiro brasileiro tende a continuar hoje. Ontem, a Bovespa subiu quase 4%, registrando a maior alta diária em quase dois anos e encerrando no maior nível desde maio, ao passo que o dólar caiu pouco mais de 2%, fechando abaixo de R$ 3,95, na menor cotação desde meados de agosto.

Os investidores apostam que a “onda” a favor do candidato pode ganhar impulso até domingo, aumentando as chances de vitória de Bolsonaro. O candidato agrada mais ao mercado por causa das ideias liberais de seu assessor econômico, Paulo Guedes, em detrimento às políticas estatistas do PT. Com isso, o foco já se volta para o segundo turno da disputa presidencial - afinal, uma vitória em primeiro turno ainda é pouco provável.

Mas em um embate entre candidatos dos “extremos”, o resultado final da eleição pode ser definido por quem tiver uma rejeição menor. Com esse quesito em ascensão para Haddad, enquanto a de Bolsonaro orbita em torno dos 45%, ainda pode ser cedo arriscar o veredicto das urnas em 28 de outubro.

Até porque, ambos os candidatos têm grandes bases de apoio e a aproximação em direção ao Centro para capturar os eleitores do meio do caminho pode definir a força política rumo à vitória. Por ora, a reação conservadora e antipetista alavanca Bolsonaro.

À noite, o Ibope divulga um novo levantamento, realizado no início desta semana, com cerca de 3 mil eleitores em todo o país. Na pesquisa anterior, conhecida na segunda-feira, chamou atenção o aumento da distância entre Bolsonaro e Haddad para 10 pontos, com o candidato do PSL superando a faixa dos 30% pela primeira vez, enquanto a rejeição do candidato do PT saltou 11 pontos. A ver os números de hoje...

Já a agenda econômica doméstica está esvaziada hoje, trazendo apenas o resultado de setembro sobre a entrada e saída de dólares do país (12h30). Com isso, o foco se desloca para o exterior, onde chamam atenção os dados sobre a criação de empregos no setor privados dos Estados Unidos em setembro (9h15).

Depois, no fim da manhã, serão conhecidos indicadores sobre a atividade no setor de serviços norte-americano no mês passado e também os estoques semanais de petróleo bruto e derivados no país. À tarde (17h), o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, faz um novo discurso, durante evento em Washington.

Ontem, Jay comemorou o crescimento dos salários para os trabalhadores nos EUA e expressou confiança de que o baixo desemprego no país não estimulará uma alta nos preços ao consumidor, forçando um aperto mais agressivo da taxa de juros norte-americana. Ainda assim, permanece a previsão de mais uma alta no custo do empréstimo neste ano, em dezembro.

Lá fora, os mercados internacionais respiram aliviados com a notícia de que o governo da Itália irá conduzir seu orçamento respeitando as regras fiscais da União Europeia (UE), controlando os gastos. O governo italiano prevê cortar o déficit público para 2% em 2021, revendo uma proposta inicial.

As principais bolsas da região também avançam, impulsionadas também pelos ganhos dos índices futuros em Nova York. Na Ásia, prevaleceu o sinal negativo, com Seul e Tóquio liderando as perdas. A pressão sobre as rupias da Indonésia e da Índia, em meio ao fortalecimento das commodities. O barril do petróleo tipo WTI segue cotado acima de US$ 75, nos maiores níveis em quatro anos.

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