A convicção que engana (os mercados)
Nem aperto nos EUA chegou ao fim nem Petrobras vai pagar dividendos gordos
Dose diária: ⚽ Parecia que o Campeonato Brasileiro já tinha um campeão desde a terceira rodada. Parecia que o ciclo de aperto nos juros dos Estados Unidos já havia chegado ao fim. Parecia que a Petrobras seria a maior pagadora de dividendos do mundo por muito tempo.
🚨 Moral da história: tanto no futebol quanto nos mercados, a convicção engana a realidade. Mas a célebre frase do publicitário Nizan Guanaes que marcou o fim dos anos 90, de que “em tempos de crise, enquanto uns choram, outros vendem lenço”, atravessa décadas e ainda tem sentido no século 21.
📈 Cabe agora, então, aos investidores fazerem o mesmo. Afinal, o IPCA que sai hoje (9h) deve confirmar o plano de voo já definido pelo Comitê de Política Monetária (Copom), ao passo que a iminente aprovação da reforma tributária limita a alta do dólar. Portanto, os mercados precisam se adaptar, deixando de lado expectativas firmes e atentando-se mais aos fatos.
Parecia que o Campeonato Brasileiro já tinha um campeão desde a terceira rodada. Parecia que o ciclo de aperto nos juros dos Estados Unidos já havia chegado ao fim. Parecia que a Petrobras seria a maior pagadora de dividendos do mundo por muito tempo. Moral da história: tanto no futebol quanto nos mercados, a convicção engana a realidade.
Mas a célebre frase do publicitário Nizan Guanaes que marcou o fim dos anos 90, de que “em tempos de crise, enquanto uns choram, outros vendem lenço”, atravessa décadas e ainda tem sentido no século 21. Afinal, torcedores rivais fazem as contas em uma tabela embolada. Cabe agora, então, aos investidores fazerem o mesmo.
Afinal, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, mostrou que não está totalmente convencido de que a taxa de juros nos Estados Unidos esteja suficientemente alta para alcançar a meta de inflação de 2% no longo prazo. Além de frustrar a crença dos mercados, ele também alertou para o perigo de ser enganado por dados bons durante alguns meses.
Já o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, celebrou o trimestre de recordes operacionais em exploração e produção, refino e gás, nem dando bola para as quedas de dois dígitos, cada, no lucro, na receita e no Ebitda. Para ele, a estratégia bem-sucedida torna a empresa competitiva e permite um período de estabilidade ao consumidor.
Mercados que se adaptem
Aliás, o IPCA desta sexta-feira (10) deve mostrar exatamente isso. Apesar da esperada aceleração no índice oficial de preços ao consumidor, a principal contribuição baixista deve vir da gasolina, refletindo o corte promovido pela estatal petrolífera na refinaria em meados de outubro. Porém, o fim da deflação nos alimentos deixa a inflação mais salgada.
Seja como for, os números oficiais (9h) devem ter pouca influência sobre o plano de voo já definido pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A ata da reunião da semana passada, divulgada na última terça-feira (7), reforçou a velocidade de cruzeiro de 0,50 ponto para a queda da taxa Selic nas próximas reuniões.
Ainda assim, a aprovação da reforma tributária na Câmara e no Senado limita a alta dos juros futuros e, de quebra, do dólar, mesmo que a matéria volte a ser apreciada pelos deputados. Por mais que não seja a ideal, é preciso convencer-se de que “reforma boa é a reforma que passa”.
Portanto, os mercados precisam se adaptar, deixando de lado expectativas firmes e atentando-se mais aos fatos. Wall Street viu isso. Tanto que a queda ontem (9) do Ibovespa foi conduzida pelas perdas das bolsas em Nova York após Powell jogar contra o otimismo dos investidores. Já os ADRs da Petrobras sobem desde o after-hours.
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⏰️ Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 7h20:
EUA/Futuros: Dow Jones+0,13%; S&P 500 -0,02% e Nasdaq -0,21%;
NY: Ibovespa em dólar (EWZ) ainda sem negociação no pré-mercado, assim como os ADRs da Vale, enquanto o da Petrobras +1,05%;
Europa: Stoxx 600 -0,82%; Frankfurt -0,66%; Paris -0,89%; Londres -1,01%;
Ásia/Fechamento: Tóquio -0,24%; Hong Kong -1,76%; Xangai -0,47%;
Câmbio: DXY -0,00%, 105.91 pontos; euro +0,01%, a US$ 1,0672; libra -0,09%, a US$ 1,2214; dólar +0,08% ante o iene, a 151,47 ienes;
Treasuries: rendimento da T-note de dez anos em 4,637%, de 4,622% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 5,029%, de 5,033% mesma comparação;
Commodities: ouro -0,60%, a US$ 1.958,00 a onça na Comex; petróleo WTI +0,81%, a US$ 76,32 o barril; Brent +1,08%, a US$ 80,88 o barril; o contrato futuro do minério de ferro (janeiro/24) fechou em +1,39% em Dalian (China), a 950,50 yuans após ajustes (US$ 130,21).