Semana promete fortes emoções
A semana encurtada pelo feriado no Brasil na quinta-feira (Finados) promete fortes emoções, dando continuidade aos eventos econômicos que agitaram os mercados financeiros nos últimos dias. O assunto que deve dominar os negócios tende a ser o nome de quem irá comandar o Federal Reserve a partir do ano que vem, o que será definido antes da viagem do presidente dos Estados Unidos Donald Trump à Ásia, na sexta-feira.
Como se ainda fosse o apresentar do programa de TV “O Aprendiz”, Trump foi eliminando um a um os cinco candidatos escolhidos inicialmente para ser o novo presidente do Fed, restando apenas dois finalistas. Ao final da semana passada, os mercados financeiros tiveram fortes variações ao sabor dos rumores de que o presidente teria escolhido o falcão (“hawkish”) John Taylor ou o pombo (“dovish”) Jerome Powell.
Relatos de que a escolha por um ou por outro teria sido vazada pela própria Casa Branca, de modo a testar a reação dos investidores ao nome – e principalmente ao viés – de quem irá conduzir o processo de aumento dos juros norte-americanos em 2018, mostram que Trump quer acertar na escolha, mas não necessariamente já definiu alguém. O bom senso recomenda, então, cautela nos negócios.
Esse suspense tende a esvaziar a reunião de novembro do Fed, que acontece na quarta-feira, uma vez que a composição do Banco Central dos EUA irá mudar. De um lado, Powell já tem experiência no modus operandi do Fed, uma vez que é diretor da instituição. Já Taylor é um renomado economista, conhecido por uma regra (Regra de Taylor), que diz que a taxa de juros deve subir em um ritmo mais acentuado que o aumento da inflação.
Desse modo, se Powell for confirmado à frente do Fed, será uma excelente notícia para os países emergentes, entre eles o Brasil. Isso porque o fluxo de recursos nos ativos de risco tende a continuar, renovando as chances de o ciclo de queda da taxa básica de juros adentrar em 2018, levando a Selic para abaixo de 7%.
Aliás, o destaque na semana no Brasil é a ata da reunião de outubro do Comitê de Política Monetária (Copom). Os investidores esperam encontrar no documento mais detalhes sobre o ciclo de queda do juro básico para além de dezembro, após o Banco Central indicar que deve reduzir novamente o ritmo e cortar a Selic em 0,50 ponto porcentual (pp) na última reunião deste ano.
Porém, o Copom ensejou a dúvida e deixou a porta aberta para quedas adicionais logo no início do ano que vem, o que levaria a Selic para 6,75% ou 6,5%. O fato é que, com a proximidade do fim do ciclo de cortes, logo começa o debate sobre quando os juros voltam a subir – e isso pode acontecer ainda em 2018, talvez em dezembro, após as eleições gerais.
A agenda doméstica reserva também os dados de setembro da produção industrial (quarta-feira), que deve mostrar ligeiro crescimento em relação a agosto, e do mercado de trabalho (Pnad), amanhã, com a taxa de desemprego rondando abaixo de 13% diante do crescimento da população ocupada sem carteira assinada. Também será importante acompanhar o resultado primário consolidado hoje (10h30). Antes, sai a Pesquisa Focus (8h25).
Na cena política, o presidente Michel Temer deve deixar hoje o hospital em São Paulo, onde passou por uma cirurgia, mas só deve retornar a Brasília na véspera do feriado. Até lá, Temer ficará descansando e articulando com os principais aliados as formas para reaglutinar a base, após os sinais de perda de apoio diante da vitória magra no arquivamento da segunda denúncia contra ele.
Já no calendário internacional merecem atenção os indicadores nos EUA sobre a indústria e o setor de serviços referentes ao mês de outubro, que devem mostrar resultados robustos após o efeito dos furacões. O mesmo deve acontecer com o relatório de emprego no país (payroll), na sexta-feira. Na zona do euro, destaque para os números do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre deste ano, amanhã.
Nesta manhã, os mercados internacionais iniciam o dia sem uma direção única. Os índices futuros das bolsas de Nova York aguardam no vermelho uma definição sobre quem irá comandar o Fed, impactados também pelas perdas nas bolsas da China. Xangai fechou em queda de 0,8%, reduzindo parte do recuo de 1,7% registrado durante a sessão, ao passo que Hong Kong teve leve baixa, diante das preocupações com a alavancagem do setor financeiro.
Na Europa, as atenções seguem voltadas para a Espanha, após as ruas de Barcelona serem invadidas por centenas de milhares de manifestantes contra a separação da Catalunha durante o fim de semana, pressionando o governo local que tem desafiado o controle direto de Madrid na região. Entre as moedas, o euro e a libra estão de lado em relação ao dólar, sendo que a moeda norte-americana mede força ante os xarás australiano e neozelandês. O petróleo, por sua vez, ensaia ganhos.