Exterior comanda o dia
Depois de operar descolado do exterior nos últimos dias, o cenário externo tende a ditar o rumo dos mercados domésticos nesta sexta-feira, diante da agenda econômica carregada e dos sinais de melhora na economia global, que têm levado os bancos centrais globais a reavaliarem a adoção de estímulos. A possibilidade de mudança nas políticas monetárias frouxas penaliza os mercados internacionais, neste dia em que o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos pode reforçar as apostas de aumento dos juros pelo Federal Reserve.
A probabilidade de aperto monetário pelo Fed em dezembro subiu 5 pontos nesta semana e está acima de 70%, com os investidores consolidando esse cenário à medida em que ele se aproxima. Mas não só o Fed, como também outros BCs, podem abandonar as ações de estímulos sem precedentes. O crescimento do PIB britânico, ontem, afastou as chances de redução do custo do empréstimo no Reino Unido e o presidente do BC japonês (BoJ) advertiu que os rendimentos de títulos de longo prazo podem aumentar.
Esses sinais disparam o rendimento dos títulos norte-americanos (Treasuries) e de países europeus, que são negociados nos maiores níveis desde maio, afetando o desempenho dos ativos de maior risco em todo o mundo, com queda das bolsas na Ásia e no Ocidente, e fortalecendo o dólar, colocando a moeda norte-americana no valor mais alto ante os rivais em sete meses. O barril do petróleo segue abaixo de US$ 50, antes do encontro do cartel da Opep no mês que vem, ao passo que o minério de ferro tem ganho firme, liderando o avanço entre os metais básicos.
Como pano de fundo, os investidores observam uma série de comunicados conservadores das empresas que têm publicados seus balanços financeiros, o que redobra a postura defensiva nos mercados, estimulando certa realização dos lucros recentes e elevando a posição em caixa. Hoje, foi a vez dos resultados trimestrais decepcionantes da Amazon.com e da dona da Ambev, a Anheuser-Busch InBev.
Mas enquanto o setor corporativo ainda titubeia, os sinais de aquecimento da atividade na maior economia do mundo, combinados com uma melhora no sentimento dos consumidores, tendem a reforçar as chances de o Federal Reserve voltar a subir os juros no país ainda neste ano. O Fed volta a se reunir já na semana que vem, em pleno feriado de Finados no Brasil, e às vésperas das eleições presidenciais nos EUA.
Na agenda do dia, logo cedo, saem dados sobre a confiança do consumidor na zona do euro. Mas o destaque fica mesmo com a primeira estimativa do PIB norte-americano no terceiro trimestre deste ano, às 10h30. A previsão é de um ritmo de expansão mais robusto da maior economia do mundo em relação ao período anterior, com a taxa de crescimento alcançando 2,5%, de +1,4% de alta entre abril e junho deste ano.
Depois, às 12h, sai a leitura final do índice de confiança do consumidor nos EUA, medido pela Universidade de Michigan.
Internamente, o calendário doméstico traz o IGP-M de outubro, que deve manter o ritmo de alta observado em setembro e subir 0,21% neste mês. Porém, a taxa acumulada em 12 meses deve desacelerar fortemente e ficar abaixo de dois dígitos, a 8,85%. Os números oficiais serão divulgados às 8h. Às 11h, saem dados da CNI e da Fiesp sobre a indústria no mês passado.
Na safra de balanços, saem os resultados trimestrais da AmBev e da Usiminas, antes da abertura do pregão, e da Hypermarcas, após o fechamento local. Enquanto a siderúrgica deve mostrar sinais de melhora no desempenho financeiro, as empresas ligadas ao consumo tendem a sofrer com a retração da demanda doméstica.
Entre os eventos de relevo, a agenda do presidente Michel Temer traz uma reunião sobre segurança pública, às 11h, neste dia de feriado em Brasília. Extraoficialmente, o encontro deve reunir representantes dos Três Poderes, a fim de selar a harmonia, após a tensão recente entre o Legislativo e o Judiciário, resgatando a pauta econômica com o intuito de avançar a agenda fiscal no Congresso.