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Teto dos gastos mostra força do governo


A proposta de teto dos gastos públicos por até 20 anos foi aprovada no primeiro turno da votação na Câmara dos Deputados, por 366 votos a 111, abrindo caminho para a implantação do ajuste fiscal do governo Temer. A aprovação do projeto sem alterações tende a ampliar o otimismo dos mercados no Brasil, com os investidores vendo no placar de ontem uma sinalização positiva para outras medidas, como a Reforma da Previdência.

Após a aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC), que limita o crescimento das despesas do governo federal à variação da inflação anterior acumulada até julho, os deputados discutiram pontos da proposta questionados pela oposição. A maioria dos requerimentos pedia a retirada das rubricas saúde e educação dos moldes propostos, mantendo o que é estabelecido pela Constituição, com porcentuais mais elevados, de pelo menos 18% no ensino e a mesma quantia do ano anterior mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) na saúde.

A base de Temer, porém, mostrou a sua força, e garantiu a manutenção do texto original. Aliás, o placar alcançado ontem à noite registrou apenas um voto a menos do que o verificado na abertura do processo de impeachment da agora ex-presidente Dilma Rousseff, em 17 de abril, quando 367 deputados votaram pelo afastamento da petista. Esse número mostra que além de forte, a base aliada segue unida e fiel ao governo.

Mais que isso, a aprovação da PEC e o andamento de outras pautas fiscais tendem a pavimentar o espaço para o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciar o ciclo de corte nos juros neste mês, talvez de modo mais incisivo. Diante do cenário mais favorável para a inflação à frente e da fragilidade da atividade econômica, as apostas de que a taxa Selic cairá ao ritmo inicial de 0,50 ponto percentual (pp) em outubro tende a ganhar força. Será uma retribuição do Banco Central à PEC.

A Bovespa, por sua vez, deve sair do maior nível desde setembro de 2014 e reaver marcas vistas pela última vez em janeiro de 2013, já nos 62 mil pontos, que é uma barreira da tendência de médio prazo do mercado acionário doméstico. A renda variável tende a ser beneficiada pela trajetória de queda dos juros brasileiros, tornando os ativos de risco mais atrativos. Já o real tende a seguir apreciado, diante da perspectiva de fluxo de entrada de recursos estrangeiros, podendo vir abaixo de R$ 3,20 no curto prazo.

Essa perspectiva mais favorável para os negócios locais já nesta terça-feira também é beneficiada pelo ambiente ainda positivo para os mercados emergentes, com os investidores vendo um ritmo gradual no processo de aumento dos juros nos Estados Unidos, com doses suaves e espaçadas. Uma alta ainda é esperada para o encontro de dezembro do Federal Reserve, um mês depois das eleições presidenciais norte-americanas, em novembro.

Ambos os eventos têm forças para enxugar um pouco a liquidez global. Mas o Brasil pode esticar a janela de oportunidades e continuar sendo o destino do capital externo com a aprovação das medidas fiscais, já que o país ainda oferece um elevado diferencial de juros e seguirá atrativo mesmo com taxas mais altas nos EUA.

Aliás, os negócios em Wall Street voltam a funcionar a pleno vapor hoje, após o feriado de ontem no país enxugar a liquidez do pregão. Mas a agenda econômica norte-americana segue vazia. Na zona do euro, sai apenas o sentimento econômica na região em outubro.

Sem qualquer direcionador para o dia, os índices futuros das bolsas de Nova York recuam nesta manhã, seguindo as perdas vindas da Ásia, que também contaminam o pregão na Europa. Já o dólar ganha terreno ante os rivais, em meio às especulações de que o Fed irá aumentar novamente os juros em dezembro, um ano após encerrar a era do juro zero nos EUA, em dezembro de 2015. Com os ganhos da moeda norte-americana, o petróleo recua.

As apostas desse movimento ao final de 2016 já encostam nos 70%, de menos de 50% três semanas atrás. Mas os investidores têm mostrado certo nervosismo, diante da preocupação do impacto na economia global de um novo aperto monetário nos EUA e da saída do Reino Unido da União Europeia (UE). Esses dois eventos tendem a deteriorar ainda mais a já frágil recuperação econômica no mundo, agravando o crescimento dos países à frente, onde a demanda (e não os gastos) é o principal problema para a expansão da atividade.

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