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Contagem regressiva


A contagem regressiva pelas decisões de juros nos Estados Unidos e no Japão, amanhã, mantém os mercados financeiros com movimentos laterais hoje, com os investidores redobrando a cautela e assumindo posturas defensivas. A espera por dois esses grandes eventos da semana realça a agenda econômica fraca do dia, contribuindo para a menor volatilidade nos negócios, que já entram em modo de espera.

Por mais que o anúncio de manutenção da política monetária pelo Federal Reserve esteja amplamente precificado, a expectativa por pistas dos próximos passos na condução da taxa norte-americana retrai os investidores. As apostas são de que eventuais mudanças no placar e no comunicado indiquem a chance de o juro nos EUA subir em 2016, ao passo que sinalizações mais suaves postergam a ação para 2017.

Ao mesmo tempo, os mercados não estão convictos de que o Fed irá agir para esclarecer qualquer dúvida em relação à trajetória dos juros nos EUA este ano, dando ênfase na velocidade e/ou na intensidade do ciclo de aperto monetário. No Japão, é a incerteza sobre a possibilidade (e eficácia) de novos estímulos que aumenta o nervosismo sobre a adoção de mais medidas não convencionais pelo Banco Central japonês (BoJ).

Diante disso, os mercados mostram maior receio em continuar surfando na onda das políticas acomodatícias dos principais bancos centrais do mundo, temendo um enxugamento da liquidez abundante de recursos. O dólar recua, o petróleo também, mas as bolsas ensaiam ganhos.

As principais bolsas europeias tentam seguir em alta hoje, um dia após registrarem o maior avanço em duas semanas, mas mostram fôlego encurtado para seguir em frente. Na Ásia, as praças da região fecharam com variações estreitas, porém negativas, enquanto em Nova York, os índices futuros exibem ligeiro avanço, antes de números sobre a permissão e a construção de novas casas nos EUA em agosto (9h30).

Já o rendimento (yield) dos bônus soberanos norte-americanos de 10 anos (T-note) recua para abaixo de 1,70%, após os investidores descartarem qualquer chance de aperto dos juros nos EUA neste mês. A possibilidade maior segue concentrada em dezembro, o que ainda mantém certo fluxo de recursos para emergentes, fortalecendo as bolsas e moedas desses países. Destaque para o peso colombiano e o rand sul-africano. As divisas do chamado G-10 também ganham terreno.

No Brasil, o mercado está atento ao Fed e do BoJ, que podem manter aberta a torneira para o capital especulativo ou fechar de vez essa janela de oportunidade. A depender das decisões, o dólar pode firmar-se acima ou abaixo de R$ 3,30, enquanto a Bovespa pode segurar ou devolver a valorização de mais de 30% no ano.

Na agenda doméstica, logo cedo, saiu uma nova prévia sobre a inflação ao consumidor em São Paulo (IPC-Fipe). Entre os eventos de relevo, o presidente Michel Temer realiza o tradicional discurso do Brasil na abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), no primeiro grande evento internacional em que ele está sob os holofotes após assumir o cargo efetivamente.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, desloca-se hoje para Nova York, onde terá encontros com investidores para tentar melhorar a imagem do Brasil aos olhos dos estrangeiros. Ontem, após participar de dois eventos em São Paulo, ele definiu como prioridades do governo, neste primeiro momento, a aprovação da proposta (PEC) que fixa um teto para os gastos públicos por 20 anos e da reforma da Previdência.

Segundo ele, é preciso fazer uma campanha de mobilização com a população, via mensagens publicitárias, mostrando à sociedade que o governo está empenhado em controlar as despesas - inclusive na saúde e na educação - e destacando a importância de se elevar a idade mínima para a aposentadoria, garantindo que a todos receberão seus benefícios. Só aí, é que se pode avançar para uma nova etapa, discutindo outras reformas, como a tributária e a trabalhista - que não saiu da pauta, apenas foi ofuscada, após as recentes controvérsias.

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