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Após susto com o Fed, mercados ficam na expectativa


Os mercados financeiros buscam uma recomposição nesta sexta-feira, após o Federal Reserve deixar claro, na quarta-feira, que pretende elevar a taxa de juros no próximo mês. Ainda assim, o sentimento de aversão ao risco entre os investidores, que se assustaram com o tom duro (“hawkish”) do Fed em relação a um aperto monetário já em junho, tende a permear os negócios, diante da proximidade do fim de semana e do que reserva os próximos dias.

O encontro do G-20 neste sábado e domingo, no Japão, abre uma agenda cheia de eventos no exterior, deslocando o radar dos negócios. O tema central da reunião das 20 maiores economias do mundo deve ser exatamente a divergência de política monetária conduzida pelos principais bancos centrais. Afinal, enquanto os Estados Unidos dão sinais de serem capaz de suportar custos de empréstimos mais elevados, a perspectiva de crescimento global tem se agravado, podendo atrapalhar a recuperação econômica norte-americana.

Cientes disso, os investidores ainda não estão convictos de que o Fed irá mesmo promover uma segunda alta na taxa dos Fed Funds seis meses após interromper a era de juro zero nos EUA, que teve duração de sete anos, e voltam às compras. As principais bolsas europeias e os índices futuros das bolsas de Nova York exibem ganhos firmes nesta manhã, sustentados pela recuperação das commodities, o que também garantiu ganhos na Ásia, com as ações de mineradoras e petrolíferas liderando a alta.

O petróleo sobe ao redor de 1%, no maior nível em sete meses, enquanto o cobre se recupera das mínimas desde fevereiro. Essa melhora das matérias-primas é alimentada pela perda de tração do dólar, que perde terreno ante as moedas, com destaque para o xará australiano, após ganhar esta semana de todos os rivais - exceto o iene. Porém, o movimento não impede a terceira queda semanal das moedas de países emergentes, que são negociadas nos níveis mais baixos em duas semanas. Por sua vez, o juro da T-note de 10 anos está de lado, mas caminha para o maior salto semanal em seis meses.

O fato é que os investidores estão tendo de aceitar que a taxa básica nos EUA vão subir, em breve, o que resultou em uma retirada de US$ 900 bilhões dos ativos de risco nos últimos três dias, com destaque para os mercados na Ásia e na África. As atenções globais se voltam, agora, para a participação da presidente do Fed, Janet Yellen, em uma conferência na Universidade de Harvard (EUA), apenas na sexta-feira da semana que vem (dia 27).

Será a primeira oportunidade que ela terá para atenuar ou intensificar as impressões deixadas na ata do encontro de abril. No documento, o Fed citou a palavra “junho” seis vezes para contextualizar as avaliações do colegiado sobre a condução dos juros norte-americanos e colocou o mês à mesa como opção de um modo agressivo, indicando que irá agir contanto que os dados econômicos norte-americanos continuem a mostrar sinais positivos.

Depois, Yellen falará em um evento na Filadélfia, no dia 6, véspera do início do período de silêncio que se antecede à reunião dos dias 14 e 15 do próximo mês, e já ciente dos números de emprego (payroll) no país. À espera dos comentários da comandante do BC e com o radar voltado às declarações dos demais integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed, os investidores tendem a redobrar a cautela, evitando ficar posicionados em ativos arriscados.

Afinal, essas falas podem ser o mote para resgatar o movimento de sell in may and go away (“venda em maio e vá embora) típico deste mês que antecede o período de férias (no Hemisfério Norte), diante da maior propensão do Fed em elevar os juros em mais 0,25 ponto percentual, dando mais um passo no processo de normalização monetária. Essa possibilidade tirou a Bovespa ontem dos 50 mil pontos, pela primeira vez desde o início de abril, e içou o dólar para a faixa de R$ 3,60, durante a sessão.

Mas hoje os mercados domésticos devem acompanhar a recuperação vista no exterior. A novidade por aqui fica com a indicação do ex-ministro Pedro Parente para presidir a Petrobras. Ele foi responsável pelas Pastas da Casa Civil, Planejamento e Minas e Energia durante o governo Fernando Henrique Cardoso, e disse ontem, em entrevista coletiva, que não haverá indicações políticas para as diretorias da estatal petrolífera.

Já a agenda econômica do dia tende a deixar os mercados “mais soltos”, abrindo espaço tanto para novas realizações quanto para eventuais ajustes. O destaque local fica com a prévia da inflação oficial ao consumidor neste mês, medida pelo IPCA-15, que deve acelerar pelo segundo mês seguido e alcançar o maior resultado para maio desde 2005.

A mediana das expectativas gira em torno de 0,79%, com a taxa acumulada em 12 meses ganhando força e subindo a 9,5%. O resultado efetivo será conhecido às 9h. No exterior, saem apenas as vendas de imóveis existentes nos EUA em abril (11h).

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