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Fechando abril


A semana chega ao fim e marca também o último dia útil do mês de abril, que acaba amanhã. Com isso, os mercados financeiros promovem os ajustes finais em suas carteiras, que mostraram maior apetite pelo risco, preparando o terreno para o que maio reserva. O próximo mês pode trazer, enfim, uma definição do cenário político no Brasil, ainda que temporária, enquanto no exterior pode lançar luz em relação aos juros nos Estados Unidos.

Os números fracos sobre a economia norte-americana nos três primeiros meses deste ano, anunciados ontem, ainda ecoam nos negócios nesta manhã, uma vez que afastam o prognóstico de um aperto dos juros pelo Fed no próximo encontro, em junho. Essa perspectiva enfraquece o dólar ante os rivais pelo segundo dia, fortalecendo as commodities.

O petróleo amplia os ganhos de quase 20% apenas neste mês e é negociado acima de US$ 46 o barril. Nos metais, o ouro e a prata estão nos níveis mais altos em 15 meses. Entre as moedas, o iene é o grande vencedor, registrando o maior ganho semanal desde 2008, após o Banco Central do Japão (BoJ) abster-se em adotar mais estímulos. Mas o destaque é o yuan.

O BC chinês (PBoC) respondeu à queda acelerada do dólar ante a moeda local promovendo a maior alta na taxa de referência diária do yuan desde julho de 2005, quando a paridade foi desmantelada. A taxa de referência do dólar subiu 0,6%, a 6,4589 yuans. Em reação o yuan perdeu terreno ante uma cesta de moedas.

Nas bolsas, o sinal negativo prevalece. Xangai (-0,25%) e Hong Kong (-1,50%) tiveram perdas, ao passo que a Bolsa de Tóquio ficou fechada devido a feriado local. Na Europa, as principais bolsas também recuam, a despeito dos sinais de recuperação econômica na zona do euro, após a França registrar a maior expansão no primeiro trimestre em um ano, de 0,5%.

Na Espanha, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,8%. Ambos os resultados ficaram acima do esperado. Ainda pela manhã, saem uma série de indicadores de peso na zona do euro anuncia: taxa de desemprego e inflação ao consumidor, além do PIB da região como um todo. A previsão é de alta de 0,4%, mas com os números positivos de alguns países, o crescimento pode ser ainda maior.

Wall Street também segue no vermelho, um dia após o S&P 500 registrar a maior queda diária em três semanas, em meio à onda vendedora (selloff) nas ações da Apple. Aliás, a temporada de balanços segue ditando o rumo dos mercados financeiros, elevando o vaivém no pregão.

Mas essa recomposição das bolsas não deve impedir o terceiro mês consecutivo de valorização da Bovespa, negociada nos maiores níveis em quase um ano. É bom lembrar que a disposição dos bancos centrais em manter empoçada a liquidez de recursos pelo mundo favorece a recuperação dos ativos de maior risco desde o mês passado.

E esse movimento também foi beneficiado pelos sinais de estabilização da economia chinesa e dos preços do barril de petróleo, incitando uma melhora geral nas commodities e nas moedas correlacionadas às matérias-primas. O real brasileiro está entre os destaques globais de valorização, em meio às apostas de uma “superquipe” econômica no governo Temer, capaz de equacionar o lado fiscal e reaquecer a atividade.

Aliás, hoje, a partir das 9h, acontece a apresentação da defesa da presidente Dilma Rousseff na comissão especial do impeachment no Senado, a ser feita pelo advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo. Também foram convidados os ministros da Fazenda, Nelson Barbosa e da Agricultura, Kátia Abreu, que confirmaram presença.

Na agenda econômica desta sexta-feira, destaque para os números sobre o desemprego no país. Às 9h, o IBGE informa a taxa de desocupação no primeiro trimestre de 2016, que deve renovar o recorde, indo a 10,6%. No mesmo horário, sai também a inflação no atacado (IPP).

Depois, às 10h30, tem a nota de política fiscal do BC em março, que devem apenas corroborar o rombo nas contas públicas apontado ontem pelo Tesouro Nacional. Na safra de balanços, destaque para os resultados trimestrais da Embraer (antes da abertura) e da Hypermarcas (depois do fechamento).

Já nos Estados Unidos, as atenções se voltam para os números sobre a renda pessoal e os gastos com consumo em março (9h30), além da confiança do consumidor em abril (11h).

Os dados norte-americanos serão lidos com lupa, após o Federal Reserve não descartar totalmente uma alta dos juros em junho. Ontem, o avanço do núcleo do índice de preços PCE para 2,1% nos três primeiros meses deste ano sinalizou uma trajetória ascendente da inflação.

O indicador é a medida preferida do Fed para analisar a evolução do nível de preços, sem ser contagiado por itens voláteis como alimentos e energia. De um modo geral, o BC dos EUA vê um mercado de trabalho melhorando, ainda que a atividade econômica tenha desacelerado.

Na semana que vem, será conhecido o relatório oficial sobre o emprego (payroll) no país em abril.

Já neste fim de semana, acontece as comemorações pelo 1º de Maio, no domingo, que pode testar as forças políticas e o engajamento social em meio ao andamento do impeachment contra o mandato da presidente Dilma Rousseff e às denúncias envolvendo um dos protagonistas do processo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Segundo a delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa, Cunha teria recebido R$ 52 milhões em propina para liberação de verbas do fundo de investimentos do FGTS. Trata-se do sétimo investigado na Operação Lava Jato que acusa o presidente da Câmara de envolvimento com corrupção.

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