Opiniões sob medida
O noticiário político segue agitando os mercados no Brasil, mas hoje os investidores podem ficar mais animados, após a mudança de opinião do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele mostrou-se contrário à posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o Ministério da Casa Civil, em uma posição diferente da que havia defendido em março, quando manifestou-se favorável à nomeação. Ontem, Lula prestou depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR).
A manifestação de Janot foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) e pode piorar as chances da presidente Dilma Rousseff de barra o processo de impeachment, uma vez que ela foi acusada por ele de "tumultuar" o andamento das investigações da Operação Lava Jato com a nomeação. Essa notícia pode dar um impulso aos negócios locais, que já devem ser embalados pelo sinal positivo que prevalece nos mercados internacionais.
As principais bolsas europeias e os índices futuros das bolsas de Nova York avançam nesta manhã, diante dos ganhos firmes do barril do petróleo, o que, por sua vez, anima os ativos de países emergentes. Na Ásia, porém, a Bolsa de Xangai caiu pelo terceiro dia consecutivo, na maior sequência de perdas desde janeiro, desta vez em -0,78%, encerrando o pregão abaixo dos 3 mil pontos pela primeira vez desde o fim de março.
A expectativa por lá recai no índice de preços ao consumidor (CPI) em março, que será conhecido na próxima segunda-feira, e o avanço da inflação no varejo chinês pode dificultar as ações de estímulo por parte de Pequim. Dados sobre a balança comercial, a produção industrial e a concessão de empréstimos na China também são esperados para os próximos dias.
Já o avanço das ações na Europa interrompe quatro semanas seguidas de perdas do índice Stoxx 600, ao passo que o petróleo caminha para a sétima semana de ganhos nas últimas oito, em meio à redução dos estoques norte-americanos da commodity antes de um encontro dos principais produtores globais para congelar os níveis de produção.
As commodities metálicas também têm alta, com o níquel conduzindo os ganhos entre os metais básicos, mas tendo a companhia do cobre e do alumínio. Porém, o ouro recua, seguindo o avanço do juro da T-note de 10 anos. Já as moedas de países emergentes conquistam terreno ante o dólar, com destaque para a valorização do dólar australiano e do rand sul-africano.
Por sua vez, o iene devolve parte do avanço nos últimos cinco dias, mas segue negociado nos maiores níveis desde outubro de 2014. A Bolsa de Tóquio subiu 0,46%. Esse comportamento no exterior pode ajudar os ativos brasileiros, após uma semana volátil, que colocou a Bovespa novamente abaixo de 50 mil pontos e fez o real figurar entre as maiores mais desvalorizadas do mundo nesta semana.
Na agenda econômica, a inflação oficial do país, medida pelo IPCA, é o grande destaque desta sexta-feira. Os preços ao consumidor devem ter desacelerado fortemente em março, pelo segundo mês consecutivo, saindo de uma taxa de 0,90% em fevereiro para algo abaixo de 0,50% (0,48% na mediana) no mês passado.
Com isso, a alta acumulada em 12 meses deve sair do patamar de dois dígitos, em que se encontrava desde outubro de 2015, e recuar para 9,4% (9,42% na mediana). Se confirmados os resultados, será o número mais baixo para meses de março desde 2012, quando o IPCA subiu 0,21%, enquanto em 12 meses, será a menor alta para o período acumulado até junho de 2015 (8,89%).
O dado efetivo será divulgado às 9h e pode calibrar as apostas dos investidores quanto a um possível início de ciclo de corte do juros básicos pelo Banco Central ainda neste ano, a despeito das sinalizações do colegiado de que, por ora, não há hipótese de flexibilização das condições monetárias. Antes, às 8h, sai a primeira leitura neste mês do IPC-S. Já no exterior, a agenda econômica traz apenas os estoques no atacado dos Estados Unidos em fevereiro, às 11h.