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É a política!


Parafraseando James Carville e sua célebre frase durante a campanha presidencial norte-americana nos anos 90, é a política (!) que volta a dominar os mercados financeiros, não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos. A proximidade da "Superterça" tende a ditar o rumo dos negócios em Nova York, mas sem descuidar do vaivém no petróleo. A apreensão pelo momento decisivo, em que ocorrem prévias em 12 Estados e que podem confirmar Donald Trump e Hillary Clinton no pleito de novembro, mantém Wall Street em suspense.

Nesta manhã, porém, o sinal positivo prevalece entre os ativos de risco, com os índices futuros das bolsas de Nova York subindo mais de 1%, assim como as principais bolsas europeias, em meio ao salto de 2,3% da Bolsa de Xangai. O índice fechou no maior nível em um mês, após especulações de que o novo chefe de regulação de valores imobiliários na China irá acelerar a reforma financeira. Hong Kong subiu 0,96% e Tóquio ganhou 0,90%.

Os mercados emergentes também ganham terreno hoje, estendendo os ganhos da semana passada, diante da recuperação nos preços do petróleo, que volta a ser negociado a US$ 30 o barril, após a Rússia afirmar que o congelamento da produção nos níveis atuais terá início em 1º de março. O minério de ferro também sobe. Entre as moedas, o dólar australiano e as rupias indonésia e indiana avançam, mas o destaque é a libra esterlina.

A moeda britânica também sofre com um viés político e é negociada no menor nível em 11 meses ante o dólar, encostando na faixa de US$ 1,40, após o prefeito da cidade de Londres, Boris Johnson, manifestar apoio pela saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado "Brexit". Trata-se de um dos políticos ingleses mais populares e que vai na contramão do acordo encaminhado pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, para o referendo de junho.

Por aqui, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de soltar o senador Delcídio do Amaral, na sexta-feira, ainda deve ecoar no pregão de hoje, em meio a especulações, já negadas, de que ele faria delação premiada. Mas a novidade desta segunda-feira fica com a nova fase da Operação Lava Jato, a 23ª, intitulada "Acarajé", que tem como alvo o marqueteiro do PT João Santana, criador de várias peças publicitárias do partido e cuja prisão temporária foi decretada.

Santana está fora do país e o mandado ainda não foi cumprido. Além disso, os investidores ainda digerem o corte de R$ 23,4 bilhões nos gastos do governo neste ano, com a adoção de uma meta fiscal flexível, capaz de acomodar um déficit primário de até 1% do Produto Interno Bruto (PIB).

Em outro front, a presidente Dilma Rousseff pediu que o STF rejeite o recurso no processo de impeachment, apresentado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que questionou a decisão dos ministros sobre o rito, buscando uma rediscussão do tema na Corte. Para o Palácio do Planalto, a matéria já está decidida e o STF não é órgão consultivo para respondê-las. Hoje, Dilma estará na capital paulista, em combate contra o mosquito transmissor de várias doenças.

A semana começa com dados sobre a atividade na indústria norte-americana e também sobre o setor de serviços na zona do euro, pela manhã. Embora mais fraco hoje, o calendário de indicadores econômicos no exterior concentra as atenções na sexta-feira, quando sai a segunda estimativa do PIB dos Estados Unidos no quarto trimestre de 2015.

A previsão é de piora ante a leitura inicial, mostrando uma taxa de expansão ainda menor que o crescimento de 0,7% entre outubro e dezembro do ano passado. No mesmo dia, saem o dado final do mês sobre o sentimento do consumidor (Universidade de Michigan) e os números sobre a renda pessoal e os gastos com consumo em janeiro.

Amanhã, é a vez da confiança do consumidor (Conference Board). Na quarta-feira, serão conhecidos números do setor imobiliário e, na quinta-feira, tem as encomendas de bens duráveis. Dados de atividade, inflação e de confiança são esperados na zona do euro, ao longo da semana. Na China, nenhuma divulgação relevante prevista até sexta-feira.

Na agenda doméstica, os destaques ficam para os indicadores do IBGE amanhã, quando sai a prévia da inflação oficial do país (IPCA-15) neste mês, e na quinta-feira, vez da publicação da taxa de desemprego (PME) em regiões metropolitanas em janeiro. Na sexta-feira, tem o IGP-M de fevereiro e a nota de política fiscal do Banco Central.

Os dados do setor público compilados pelo Tesouro devem sair um dia antes. Também são esperados para esta semana os números do mês passado da arrecadação e do emprego formal (Caged). Hoje, por aqui, têm a pesquisa Focus (8h30) e a balança comercial (15h).

Entre os eventos de relevo, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, segue em deslocamento para a China, onde participa de reunião preparatório do G-20, a partir de sexta-feira. Já o diretor de política econômica do BC, Altamir Lopes, tem encontro fechado à imprensa, promovido pelo JP Morgan em São Paulo, onde deve reforçar o recente discurso de dirigentes da autoridade monetária, de que, por ora, não há espaço para queda dos juros.

É válido lembrar que, com o fim do horário de verão, ontem, no Brasil, a cidade de São Paulo fica mais próxima de Nova York, onde as bolsas passam a abrir às 11h30 (de Brasília) e fechar às 18h, e mais distante das bolsas europeias, que passam a operar das 5h às 14h. O horário de divulgação dos indicadores nos Estados Unidos e na Europa também mudou.

Já o pregão estendido na Bovespa, até as 18 horas (excluindo o ‘call de fechamento’), termina em 11 de março. Nesses dois meses em vigor, a medida trouxe um ganho médio diário de R$ 400 milhões à operadora da Bolsa – ou 7% do total negociado na renda variável todos os dias. Trata-se de um bom incentivo, em meio à redução do valor de mercado das empresas listadas e, consequentemente, do volume negociado.

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