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Alívio passageiro nos mercados


Durou pouco o alivio nos mercados financeiros. Os investidores ficaram pessimistas com o acordo firmado entre a Arábia Saudita e a Rússia, que visa mais à estabilização dos preços do petróleo do que a um corte na produção em si, e esse sentimento retoma o sinal negativo no exterior, após os ganhos no início da semana. Nem mesmo uma nova alta na Bolsa de Xangai hoje, de cerca de 1%, anima os ativos de risco pelo mundo, o que abre espaço para as renovadas incertezas políticas no Brasil também pesarem nos negócios locais.

Ontem, o real brasileiro sofreu com a tensão no cenário político e fiscal, diante da retomada da discussão do processo de cassação do mandato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o que deve intensificar o tema sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Nos bastidores, Dilma tenta eleger Leonardo Picciani como líder do PMDB, ao passo que Cunha pediu que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspenda o processo contra ele no Conselho de Ética.

Horas antes, o STF notificou o deputado sobre o pedido de afastamento dele do mandato, feito em dezembro do ano passado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. No parecer à Suprema Corte, Janot afirmou que Cunha é "agressivo e dado a retaliações". Hoje, a presidente Dilma reúne-se com os empresários Luiza Trajano (11h) e Benjamin Steinbruch (15h), além do ministro da Saúde, Marcelo Castro (18h).

Já o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, participa do fórum de debates sobre emprego, renda e Previdência Social. Ao PT, Barbosa disse que a proposta de reforma da Previdência terá oito pontos centrais, que podem girar em torno da idade mínima para aposentadoria, tempo de contribuição de homens e mulheres e a aposentadoria do trabalhador rural. A proposta deve ser enviada ao Congresso até abril.

Mas o destaque desta quarta-feira é a ata da reunião de janeiro do Federal Reserve. Porém, o documento pouco deve acrescentar à visão atual do Banco Central dos Estados Unidos sobre o processo de normalização das taxas de juros do país, já que ele é datado e pode estar defasado em relação às declarações da semana passada feitas pela presidente do Fed, Janet Yellen, no Congresso.

Desde que ela ventilou que a possibilidade de mudança de rota na elevação dos Fed Funds, caso a turbulência internacional persista, a chance de um novo aperto nos juros do país em março ficou menos provável. Além disso, altas no segundo semestre deste ano vão depender da evolução do preço do petróleo e do ritmo de crescimento da economia chinesa e de países emergentes. A ata será publicada às 17 horas.

Antes, ainda no calendário econômico norte-americano, saem o índice de preços ao produtor (PPI), as construções e as licenças de novas residências em janeiro – às 11h30 - além da produção industrial nos EUA também no mês passado (12h15), juntamente com o nível de utilização da capacidade instalada da indústria. No fim do dia, na China, saem os preços no atacado (PPI) e no varejo (CPI) em janeiro.

À espera desses eventos do dia, os índices futuros das bolsas de Nova York têm perdas moderadas, pressionados pelo petróleo, que cai com um pouco mais de força e vale menos de US$ 30 o barril. A commodity reage à percepção dos investidores de que o congelamento da produção nos níveis de janeiro proposto pelos maiores produtores não irá gerar frutos em relação ao excesso de oferta global. Os metais básicos também recuam.

O dólar, por sua vez, perde terreno para o iene, mas ganha dos rivais emergentes, diante das incertezas no setor petrolífero. O won sul-coreano caiu ao menor nível em cinco anos, ao passo que o yuan chinês registrou a maior perda em dois dias em mais de um mês, após o Banco Central do país (PBoC) cortar a taxa de referência ao valor mais baixo em um mês.

A preocupação com um aumento da saída de recursos externos da China, porém, não impediu uma alta de 1,07% do índice Xangai Composto hoje, que fechou no maior patamar também em um mês. Nos demais mercados asiáticos, contudo, o sinal negativo prevaleceu, com -1,36% na Bolsa de Tóquio e -0,79% em Hong Kong. Já na Europa, as principais bolsas ensaiam ganhos, motivadas pela alta da véspera em Wall Street.

Na agenda doméstica, a quarta-feira começou com uma nova prévia de fevereiro do IPC da Fipe, que teve leve desaceleração a 1,18%, ante alta de 1,34% na primeira leitura do mês. Ainda pela manhã, sai o primeiro IGP do mês da FGV, o IGP-10, que deve acelerar fortemente frente à taxa de 0,69% em janeiro, indo a 1,45%. Com isso, o resultado acumulado em 12 meses deve ir além de 12%.

O dado será conhecido às 8h. Depois, às 9h, o IBGE informa os números sobre o volume e a receita nominal do setor de serviços em dezembro e no acumulado de 2015. Os dados devem corroborar a expectativa de retração da atividade, pelo lado da oferta, a ser apontado pelo Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central, possivelmente amanhã.

Aliás, a autoridade monetária entra em cena hoje, às 12h30, para informar os dados parciais do fluxo cambial no mês. Na safra de balanços, Comgás, Ultrapar e Natura divulgam os resultados financeiros do quarto trimestre de 2015 e do acumulado do ano passado. Na Bovespa, hoje é dia de vencimento de índice futuro e de opções sobre índice.

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