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Depois do Fed, foco se ajusta ao Copom


O Federal Reserve vê a possibilidade de reduzir ainda mais o ritmo gradual no processo de normalização da taxa de juros nos Estados Unidos, diante dos riscos que a turbulência nos mercados financeiros pode trazer à maior economia do mundo e que serão "monitorados de perto". Em meio aos ajustes a serem feitos nos mercados domésticos por causa do modo "esperar para ver" do Fed, as atenções se voltam à política monetária no Brasil.

Após a reunião da semana passada do Copom, o Banco Central tenta expor hoje os motivos que levaram a maioria do colegiado a manter a taxa básica de juros em 14,25%, pela quarta vez seguida. A expectativa em relação à Selic está no centro do debate dos investidores, com o mercado esperando alguma sinalização sobre os próximos passos do BC, apesar de a crença na autoridade monetária estar bem menor, depois que a controversa decisão na primeira reunião deste ano gerou um ruído na credibilidade.

O documento será divulgado às 8h30. Antes, às 8h, sai o resultado de janeiro do IGP-M, que deve acelerar para 0,9%, devido à pressão dos preços no varejo, refletindo a alta dos administrados. Depois, às 9h, é a vez da taxa de desemprego em seis regiões metropolitanas do país, que deve recuar a 7,3% em dezembro, em meio às contratações de fim de ano. Ainda assim, será a maior taxa para o mês desde 2007.

Também são esperados para hoje os números do governo central, a serem divulgados pelo Tesouro. Na safra de balanços, o Bradesco anuncia seu resultado referente ao quarto trimestre de 2015 e o consolidado do ano passado, antes da abertura do pregão local.

Já no front político, a presidente Dilma Rousseff volta a se reunir com o chamado “Conselhão”, formado por empresários, banqueiros e sindicalistas para discutir medidas para sair da crise. O órgão consultivo não se reunia desde julho de 2014. Na última terça-feira, ela recebeu oito ministros – entre eles o presidente do BC, Alexandre Tombini - para tratar de temas que serão apresentados no encontro de hoje.

A previsão é de que ao menos cinco ministros façam apresentações: Nelson Barbosa (Fazenda); Armando Monteiro Neto (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior); Valdir Simão (Planejamento); Kátia Abreu (Agricultura) e Marcelo Castro (Saúde). Mas o discurso do titular da Fazenda é o mais aguardado. O encontro tem início às 14h30.

Especula-se que algum pacote de medidas econômicas seja anunciado. De concreto, porém, sabe-se apenas que Dilma irá discursar no encerramento das discussões, propondo a criação de grupos de trabalho para debater questões como a reforma da Previdência, entre outros temas, a fim de retomar a confiança na economia brasileira.

Para o Goldman Sachs, o Brasil "é uma bagunça" e a crise no país irá piorar mais, antes de melhorar. Segundo o economista-chefe do banco para a América Latina, Alberto Ramos, o número 10 no país, que antes se referia à camisa de Pelé, agora está relacionado "à taxa de inflação, à taxa de desemprego e à popularidade da presidente". Para o banco, o Brasil se arrasta rumo à uma depressão econômica.

Ainda entre os eventos de relevo no país, hoje tem reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN).

O calendário de eventos e indicadores econômicos no exterior também está agitado hoje. Logo cedo, sai o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido no quarto trimestre de 2015 e no acumulado do ano passado. À espera dos números, a libra esterlina se fortalece ante os rivais, diante da perspectiva de aceleração no crescimento da economia.

Porém, as atenções no país também estão voltadas ao referendo que o primeiro-ministro britânico, David Cameron, tenta emplacar em fevereiro sobre a permanência da ilha na União Europeia (UE). O chamado “Brexit” pode colocar em risco a posição de Londres no mercado financeiro internacional.

Ainda na Europa, serão conhecidos dados sobre a confiança do consumidor na zona do euro em janeiro e também sobre o índice de preços no varejo (CPI) alemão neste mês, pela manhã. Por ora, as principais bolsas europeias estão na linha d'água, mas tentam pegar carona no sinal positivo vindo do outro lado do Atlântico Norte, onde os índices futuros das bolsas de Nova York ensaiam uma recuperação.

Contudo, as novas perdas no barril de petróleo inibem o movimento em Wall Street, ao mesmo tempo em que as preocupações com o derretimento nos preços das commodities pesam nas bolsas e moedas de países emergentes. O destaque fica para o dólar neozelandês, que perde terreno para o xará norte-americano, após o BC local manter os juros em 0,25%, mas sinalizar que pode cortar a taxa por causa do enfraquecimento da economia global.

Já na agenda econômica nos Estados Unidos, às 11h30, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego e as encomendas de bens duráveis em dezembro. Às 13h, é a vez das vendas pendentes de imóveis no país no mês passado. Na safra de balanços norte-americana, saem os resultados financeiros da Ford, Caterpillar, Amazon, Visa e Microsoft, entre outras.

À noite, o Japão entra em cena para anunciar números sobre a inflação, a atividade e o emprego, que podem calibrar as apostas em relação a uma nova rodada de estímulos à economia por parte do BC japonês (BoJ), no primeiro encontro de 2016 da autoridade monetária, que anuncia sua decisão amanhã.

A Bolsa de Tóquio fechou em queda hoje, de 0,7%, contaminada pelo recuo de 2,9% do índice Xangai Composto. A Bolsa chinesa fechou em baixa pelo terceiro dia consecutivo, a despeito da maior injeção de recursos no sistema financeiro nos últimos três anos.

O BC da China (PBoC) ofertou 340 bilhões de yuans (US$ 51,7 bilhões) através das operações de recompra reversa, em leilão realizado hoje, depois de oferecer 440 bilhões de yuans na terça-feira. O saldo líquido das operações, de 590 bilhões de yuans, representa o maior valor ao menos desde fevereiro de 2013 e visa prevenir uma crise de liquidez em meio à demanda por dinheiro no país antes do feriado de uma semana do Ano Novo Lunar.

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