Congresso em foco
Diante da agenda doméstica esvaziada nesta terça-feira, em termos de indicadores econômicos, as atenções dos mercados no Brasil se voltam para a pauta do dia no Congresso Nacional, onde se espera por decisões importantes até a noite. Enquanto isso, no exterior, os negócios se arrastam, em meio ao início da reunião de dois dias do Federal Reserve.
O dólar se retrai nesta manhã no aguardo da decisão do Fed, amanhã, sobre se irá elevar os juros de quase zero, onde está desde o colapso do Lehman Brothers, em 2008. As apostas de que o primeiro aperto na taxa dos Fed Funds desde 2006 irá ocorrer neste mês subiram para 76%, com as atenções dos investidores já voltadas para pistas sobre o ritmo gradual do ciclo de normalização monetária.
O enfraquecimento da moeda norte-americana abre espaço para uma recuperação dos ativos emergentes no exterior, o que pode aliviar a pressão sobre os negócios locais, um dia após a Bovespa fechar em queda, aproximando-se cada vez mais da mínima do ano, e do dólar subir pelo terceiro pregão, diante das incertezas políticas.
Aliás, o calendário de eventos no front político do dia está carregado. No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), deve ser apreciado hoje o pedido de esclarecimento feito pelo ministro Gilmar Mendes sobre as contas de campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014, que foram aprovadas com ressalvas. A suspeita de Mendes é de que a campanha do PT tenha sido financiada por recursos obtidos a partir do esquema de corrupção investigado na Petrobras.
Já no Congresso Nacional, deve ser votada nesta terça-feira a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2016. A sessão está prevista para acontecer à noite, mas a pauta do dia deve começar mais cedo, com a análise sobre a repatriação de recursos mantidos no exterior e não declarados à Receita Federal.
Antes, o Conselho de Ética reúne-se para tentar, mais uma vez, votar o parecer sobre o processo de cassação do mandato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Assim como Fausto Pinato, o novo relator é a favor da continuidade da investigação contra o deputado.
Ainda no Congresso, merece atenção a participação do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, às 10 horas. A expectativa é de que Tombini dê pistas sobre os rumos da taxa básica de juros (Selic), após o dissenso na última decisão de política monetária do ano, com alterações relevantes no comunicado.
Já a agenda econômica traz apenas a divulgação, às 11 horas, de indicadores de ciclos econômicos em novembro, calculados pela FGV. No exterior, o dia que antecede o tão aguardado anúncio do Fed é marcado por dados sobre os preços ao consumidor (CPI) em novembro e sobre a atividade em Nova York neste mês, ambos às 11h30. Às 13 horas, saem números da construção civil no país.
Por ora, os índices futuros das bolsas de Nova York estão no azul, mas seguem monitorando os preços do petróleo, que ensaiaram ganhos durante a sessão asiática, porém as preocupações quanto ao excesso de oferta global limitaram o ímpeto. Do outro lado do mundo, o dia foi de perdas, lideradas pela Bolsa de Xangai (-0,30%), diante do enfraquecimento do yuan chinês pelo oitavo dia consecutivo.
Trata-se da maior sequência de queda da moeda da segunda maior economia do mundo desde junho e o movimento ocorre em meio ao aumento das saídas de capital e especulações de que o Banco Central chinês (PBoC) estaria guiando o renminbi para uma banda inferior, a fim de ajudar a acelerar o ritmo de crescimento econômico.
Ainda na Ásia, a Bolsa de Tóquio caiu 1,68%. Entre os mercados emergentes, o índice MSCI da região avança pela primeira vez em dez dias, embalando também as moedas desses países. Na Europa, as principais bolsas da região digerem a leitura do sentimento econômico na Alemanha em dezembro, além de dados sobre os preços no atacado e dos imóveis no Reino Unido.