Congresso adia votações para hoje e mantém suspense nos mercados
Ficaram para esta quarta-feira à tarde as sessões no Congresso para votar a meta fiscal de 2015, as diretrizes orçamentárias de 2016 e também o parecer que pede a continuidade do processo por quebra de decoro parlamentar do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Ainda assim, deputados e senadores derrubaram o veto presidencial e elevaram para 75 anos a idade mínima para o servidor público se aposentar.
A lentidão na tomada de decisões em Brasília tende a manter os mercados domésticos em suspense, em meio ao clima de tensão com o ambiente político, no qual o governo não consegue mobilizar a base. Diante da falta de quórum e depois de quase cinco horas de espera, ontem, o presidente do Congresso, o senador Renan Calheiros, convocou uma nova reunião para hoje, às 12 horas. Já o Conselho de Ética reúne-se às 14h30.
Mas enquanto monitoram o plano político, os mercados domésticos também vislumbram o ambiente internacional, onde as atenções do dia estão voltadas para o discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, sobre as perspectivas econômicas nos Estados Unidos, às 15h25. Pouco depois, o Fed publica o Livro Bege (17h).
Pela manhã, têm a pesquisa ADP sobre a geração de vagas no setor privado norte-americano em novembro (11h15) e a leitura revisada da produtividade e dos custos trabalhistas no terceiro trimestre (11h30). À espera desses dados, os índices futuros das bolsas de Nova York estão em alta, um dia após o S&P 500 reaver o nível dos 2,1 mil pontos, visto pela última vez no início do mês passado.
Os investidores têm se mostrado cada vez mais confiantes em relação ao relatório oficial do mercado de trabalho nos EUA (payroll), na sexta-feira, diante da perspectiva de que é necessária uma taxa de desemprego ainda menor para alcançar a meta de 2% para a inflação de modo mais rápido. Afinal, a maior economia do mundo continua crescendo sem gerar inflação, o que sugere um ritmo gradual de aperto pelo Fed.
Na Europa, as principais bolsas europeias se arrastam, com os investidores ainda mais relutantes, nesta véspera de decisão do Banco Central Europeu (BCE). O euro, por sua vez, segue negociado nos níveis mais baixos em três meses ante o dólar, rumo a paridade de US$ 1, vista pela última vez em 2002, em meio à previsão de uma extensão do programa de relaxamento quantitativo.
Também se espera um possível aprofundamento da taxa de depósito na região da moeda única em território negativo. Os números sobre os preços ao produtor (PPI) e ao consumidor (CPI) na zona do euro conhecidos nesta manhã são as últimas grandes divulgações que podem influenciar na decisão do BCE em adicionar estímulos monetários à economia - ou não.
Já as moedas de países emergentes perdem terreno ante o dólar, antes do discurso de Yellen e diante do início da reunião de dois dias do BCE. O won sul-coreano e o ringgit malaio lideram as perdas, ao passo que as commodities também recuam. Entre as bolsas, o índice MSCI da região recua, um dia após registrar a maior alta em duas semanas, com a maioria das bolsas asiáticas pesando nos negócios.
A exceção na região ficou com Xangai, que saltou 2,3%, no maior avanço em um mês, em meio ao avanço das ações do setor financeiro diante das apostas de mais estímulos vindos de Pequim. Hong Kong subiu 0,55%, mas Tóquio recuou 0,37% e Seul caiu 0,69%. No Pacífico, destaque para a expansão de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) da Austrália no trimestre passado ante o período anterior. A previsão era de +0,8%.