Volta do feriado tem ajustes
A volta do fim de semana prolongado em São Paulo é marcada por dados de atividade, na zona do euro e nos Estados Unidos hoje, e os mercados domésticos têm ajustes a fazer em relação ao pregão da sexta-feira passada, quando não abriram, mas Nova York subiu. Aliás, o feriado pelo Dia de Ação de Graças encurta novamente os negócios nesta reta final de novembro, fechando Wall Street na quinta-feira e encolhendo a sessão no dia seguinte.
As bolsas norte-americanas registraram, na semana passada, a melhor semana do ano, uma vez que os investidores pararam de se preocupar com taxas de juros mais elevadas nos EUA e estão convencidos de que a maior economia do mundo está robusta o suficiente para suportar o primeiro aperto nos Fed Funds desde 2006. A probabilidade de aumento da taxa na reunião de dezembro estava em 68% na última sexta-feira, de 50% no início do mês.
Na manhã de hoje, o dólar se fortalece, o que derruba as commodities e afeta os ativos de países emergentes, diante da divergência na política monetária pelo Federal Reserve e pelo Banco Central Europeu (BCE). A demanda pela moeda norte-americana ocorre após Mario Draghi reforçar, na sexta, que o BC da zona do euro fará o que for preciso para elevar a inflação "o mais rápido possível", alimentando especulações de afrouxamento já na próxima semana.
Por sua vez, o presidente da distrital de São Francisco do Fed, John Williams, disse no fim de semana que há uma "forte razão" para uma alta nos juros dos EUA no próximo mês. Em reação, o dólar subiu ao nível mais alto em sete meses ante o euro e ganhou terreno ante a maioria das moedas da Ásia-Pacífico, em meio à ausência de sinais de melhora vindos da China. O petróleo e o cobre têm perdas aceleradas, o que afeta as bolsas.
Xangai caiu 0,56% e Hong Kong cedeu 0,40%, mas Tóquio subiu 0,10%. No Ocidente, os índices futuros em Nova York estão na linha d'água, antes da divulgação da leitura preliminar do mês do índice dos gerentes de compras (PMI) na indústria (12h45). Na Europa, os dados prévios sobre os setores industrial e de serviços reforçam a necessidade de mais estímulo, deixando a direção do dia também indefinida.
A agenda econômica ganha força já amanhã, quando sai a segunda estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano no trimestre passado. No mesmo dia, no Brasil, tem a PNAD contínua, com a taxa de desocupação no país em setembro. Ainda por aqui, são esperados dados fiscais do Tesouro Nacional e notas do Banco Central sobre as operações de crédito e o setor externo.
Mas o destaque local fica com a última reunião de política monetária do ano, na quarta-feira. Mesmo assim, não se espera qualquer novidade por parte do Copom, que deve dar continuidade ao “período prolongado” de juro estável, a fim de convergir a inflação à meta em um “horizonte relevante”, mantendo a Selic em 14,25%, pela terceira vez seguida.
Hoje, tem nova leitura do IPC-S e prévia da sondagem da indústria neste mês (8h). Às 15 horas, saem os dados semanais da balança comercial. Na última sexta-feira, números do Caged mostraram a eliminação de 169.131 postos de trabalho formais no país em outubro, no pior resultado para o mês desde 1992 e no sétimo saldo negativo seguido. Desde o início do ano, 818,9 mil empregos com carteira assinada foram fechados.
No front político, o Conselho de Ética da Câmara marcou para esta terça-feira a leitura do parecer preliminar do processo que pede a cassação do presidente da Casa, Eduardo Cunha. Em meio a uma série de manobras de Cunha e seus aliados, a expectativa é de que a votação do parecer ocorra na quinta-feira. Já no Senado, o presidente Renan Calheiros tenta ajudar o Palácio do Planalto e votar a mudança na meta fiscal de 2015.
Ainda nesse tema, destaque para a vitória do oposicionista Maurício Macri nas eleições presidenciais na Argentina, por uma diferença inferior a 3 pontos porcentuais. A vitória marca um momento pelo qual os investidores estavam esperando há tempos no país vizinho, diante da expectativa de que tudo pode mudar agora. Macri promete reverter rapidamente as muitas políticas dos Kirchner, abrindo a economia ao capital externo.