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Mercados sob nova perspectiva


Os mercados financeiros se ajustam à perspectiva de aperto nos juros dos Estados Unidos em dezembro, após o sinal verde dado na última sexta-feira pelo relatório de emprego (payroll) no país em outubro. O próximo grande debate nos negócios passa a ser sobre o ritmo do processo pelo Federal Reserve, depois de as taxas dos Fed Funds ficarem entre zero e 0,25pp por sete anos.

Qualquer velocidade mais acelerada no aperto monetário pode levar à nova valorização do dólar - o que não é bom para as commodities nem para os países emergentes, como o Brasil. Mas o petróleo e o cobre avançam nesta manhã, ao passo que as moedas correlacionadas às matérias-primas recuam, em meio ao menor apetite por risco. O ringgit malaio e o won sul-coreano perdem mais de 1%; a rupia indonésia cai um pouco menos.

Esses ativos também sofrem com os números da balança comercial na China no mês passado. O enfraquecimento da demanda chinesa por carvão, ferro e outras commodities em declínio das indústrias pesadas ajudou a empurrar para baixo as importações em 18,8%, gerando um superávit comercial recorde de US$ 61,6 bilhões. Foi o décimo segundo mês consecutivo de queda das importações - também um recorde.

Na outra ponta, a queda nas exportações chinesas pelo quarto mês seguido em outubro, em -6,9% (em dólar), na comparação anual, reforçaram os sinais que a segunda maior economia do mundo segue titubeando diante da fraca demanda global. Os dados divulgados no fim de semana mostram que as exportações chinesas para o Japão caíram 9% nos 10 primeiros meses do ano, em relação a um ano antes, e diminuíram 3,7% para a União Europeia.

Os embarques para Hong Kong recuaram 11,7% no período. Já os produtos "made in China" que chegam aos EUA cresceram 5,8% entre janeiro e outubro de 2015 e avançaram 8,9% para a Índia, no mesmo confronto. Tanto as exportações quanto as importações foram piores que o esperado.

Em reação, porém, a Bolsa de Xangai subiu pelo quarto dia consecutivo, em +1,59%, em meio aos planos de retomar as ofertas iniciais de ações (IPOs) e estimular o mercado acionário. Já o yuan chinês caiu ao nível mais fraco em três semanas, enquanto os bônus chineses tiveram o maior tombo em mais de dois anos, com o rendimento do título soberano de 10 anos subindo 13,5 pontos-base, a 3,27%.

Outros indicadores econômicos da China serão conhecidos nesta semana e podem reforçar que mais medidas de estímulo estão a caminho. Números nesta noite sobre os preços ao produtor (PPI) e ao consumidor (CPI) devem apontar a necessidade de ação pelo Banco Central chinês (PBoC), injetando apoio à demanda doméstica para alcançar o objetivo de crescimento.

Também por lá, serão conhecidos, na madrugada de quarta-feira, dados sobre a produção industrial, as vendas no varejo e os investimentos em ativos fixos, que devem cimentar as expectativas em relação a Pequim. No Brasil, a pesquisa mensal do comércio (PMC) sai na quinta-feira e é o grande destaque da agenda econômica. No mesmo dia, tem os números da indústria na zona do euro.

Mas é na sexta-feira que as atenções se voltam para a região da moeda única, pois será divulgada a leitura preliminar do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre deste ano. A previsão é de expansão de 0,4% ante o período anterior. Já nos EUA, também na sexta-feira, tem números do comércio varejista e sobre a confiança do consumidor.

À espera desses números, e com a agenda econômica mais fraca hoje, os índices futuros das bolsas de Nova York estão na linha d'água, mas com um ligeiro viés de baixa. Na Europa, as principais bolsas também hesitam, mas exibem um leve viés positivo. O euro também se recupera nesta manhã, assim como a libra esterlina e o iene - o que não impediu ganhos de 1,96% da Bolsa de Tóquio hoje.

Já em Brasília, as atenções se voltam para a tradicional reunião de coordenação política, às 9 horas. Os protestos ontem em várias capitais do país contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, podem entrar na pauta do encontro. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, também foi alvo das manifestações, que reuniram milhares de pessoas.

Hoje, parte dos caminhoneiros do país promete iniciar uma greve nacional, sendo que o Estado do Paraná deve ter a maior adesão.

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