Exterior estende rali após Fed
A semana chega ao fim com os mercados internacionais estendendo um rali global, que injetou cerca de US$ 2,5 trilhões em valor de mercado apenas nesses primeiros dias de outubro, em um movimento capitaneado pelas bolsas e moedas de países emergentes. O mote para esse apetite por risco dos investidores é a percepção de que o Federal Reserve não irá elevar os juros até que os riscos econômicos fora dos Estados Unidos diminuam.
A precificação na curva dos Fed Funds mostra que as chances de a primeira alta na taxa norte-americana desde 2006 acontecer neste ano estão abaixo de 40%. Diante dessa aposta, as bolsas asiáticas registraram ganhos, com o índice Xangai Composto subindo pelo segundo dia seguido, em +1,3% hoje. O índice MSCI da região Ásia-Pacífico caminha para uma valorização de 6% na semana, na maior alta desde dezembro de 2011.
Na Europa, o sinal positivo também prevalece, ainda que com menor vigor, com o índice Stoxx Europe 600 com +0,8%, mais cedo. A oscilação em baixa dos índices futuros das bolsas de Nova York nesta manhã enfraquece as bolsas no Ocidente, com Wall Street testando o fôlego dos negócios um dia após o S&P 500 fechar acima dos 2 mil pontos pela primeira vez desde 20 de agosto.
Entre as moedas, aquelas ligadas às commodities caminham para o maior ganho semanal em mais de seis anos, recuperando-se da maior perda trimestral desde 2011. A rupia indonésia, o rublo russo e o ringgit malaio estão entre as melhores performances no período, com ganhos de mais de 7% ante o dólar, cada.
As matérias-primas em si também têm alta, com o petróleo segurando acima da marca de US$ 50 por barril e o zinco sendo beneficiado pelo corte de produção da Glencore. Cobre, alumínio, níquel e chumbo também sobem, todos, mais de 3%.
O que se vê, de fato, é que os agentes financeiros estão ajustando posições após uma forte onda vendedora (selloff) que castigou os mercados globais em agosto, agravando o desempenho no trimestre passado. Essa reviravolta dos ativos ao redor do mundo é sustentada por um sentimento menos pessimista entre os investidores, em meio à expectativa de que os principais bancos centrais darão apoio à economia.
Esse renovado ambiente econômico vem permeando os mercados domésticos. Ontem, o dólar fechou abaixo da marca de R$ 3,80, na menor cotação desde o início de setembro, ao passo que a Bovespa cravou a oitava alta consecutiva, na maior sequência de ganhos desde agosto de 2013, sustentada pelos aportes de capital estrangeiro.
Porém, a véspera do fim de semana prolongado no país, por causa do feriado na próxima segunda-feira, pode limitar o ímpeto dos negócios hoje, com os investidores evitando ficar posicionados. De qualquer forma, o desempenho recente é a prova de que os mercados locais pararam de se estressar com a crise em Brasília, apesar de uma sucessão de derrotas do governo, seja no Legislativo ou no Judiciário.
Ainda assim, não se pode descarta que um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff pode ser um fator de estabilidade aos ativos brasileiros, diante do caminho livre para uma recomposição política. Ontem, na primeira reunião após a reforma ministerial, ela cobrou dos ministros fidelidade dos aliados. Hoje, Dilma cumpre uma agenda oficial extensa na Colômbia, devendo retornar à capital federal no fim do dia.
Já os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Alexandre Tombini (Banco Central) dão continuidade aos compromissos nas reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial, no Peru. Entre os indicadores, a agenda econômica desta sexta-feira está mais fraca e traz, internamente, uma prévia do IGP-M (8h) e as estimativas para a safra agrícola (9h).
Pela manhã, a Fipe informou que seu IPC iniciou outubro com alta de 0,79%. Já nos EUA, saem os preços de produtos importados em setembro (9h30), além dos estoques norte-americanos no atacado em agosto (11h).