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A Bolsa de Xangai voltou a assustar nesta quarta-feira, caindo 5% na sessão, mas o fechamento do pregão em alta de 1,2% aliviou, em partes, a pressão vendedora nas ações e commodities no mercado internacional. Independente desse cenário externo, os mercados domésticos devem continuar concentrados no noticiário político, após a Câmara dos Deputados aprovar a mudança na correção do FGTS. Já a votação no Senado sobre desoneração foi adiada, a pedido do próprio ministro Levy.
Um telefonema do ministro da Fazenda, ontem à noite, fez com que o Senado adiasse novamente a votação do projeto que reonera a folha de pagamentos de 56 setores. Após a ligação de Levy, o relator da matéria, Eunício Oliveira, pediu ao plenário mais um dia de prazo para continuar a negociação e apresentar a versão final do texto - seja a reoneração linear ou a defendida pelo governo. Levy, por sua vez, irá ouvir a proposta da Fiesp.
Na outra Casa, os deputados aprovaram, em votação simbólica, o projeto que altera a correção dos depósitos do FGTS de forma escalonada em quatro anos, até alcançar a rentabilidade da poupança, a partir de 2019. O governo ainda pode tentar reverter a proposta no Senado ou recorrer ao veto presidencial para modificá-la.
Já no Palácio do Planalto, o governo voltou a usar os bancos públicos para estimular o crédito no país. Ontem, a Caixa anunciou que dará crédito mais barato às empresas que se comprometerem com a manutenção dos empregos. Segundo a presidente da Caixa, Miriam Belchior, as discussões sobre essa oferta de crédito em condições especiais foram discutidas com todos os envolvidos no governo.
Miriam também sinalizou que o movimento se insere em um contexto que muda o foco dos bancos públicos, de atuar no financiamento ao consumo, antes, para o financiamento ao investimento, agora. Hoje, as mesmas entidades que firmaram os convênios com a Caixa - Anfavea, Fenabrave e Sindipeças - anunciarão ações de apoio em conjunto com o Banco do Brasil.
Ainda sobre o setor financeiro, vale destacar a retirada do fim da distribuição de lucros na forma de juros sobre capital próprio (JCP) no texto da MP 675. Segundo a relatora do projeto, a senadora Gleisi Hoffmann, o "não há ambiente propício para avançar em tais temas". Em reação, a Bovespa interrompeu uma sequência de cinco quedas consecutivas e fechou em alta de cerca de 0,5%.
Já no exterior, o sinal negativo volta a prevalecer entre as bolsas, após as preocupações quanto ao crescimento econômico chinês ressurgirem. A Bolsa de Xangai chegou a cair 5,1%, com os investidores avaliando que o governo pode diminuir o apoio ao mercado acionário local e que um yuan mais fraco deve impulsionar a saída de capitais.
A expectativa é de que Pequim intervenha quando o índice Xangai Composto alcançar o patamar de 3,5 mil pontos, mas muitos já veem o fim do mercado de alta (bull market) por lá. O receio com a China pesa entre as bolsas europeias, que recuam ao menos 1%, cada, ofuscando o apoio da Alemanha ao terceiro pacote de resgate à Grécia.
A chanceler alemã Angela Merkel, que já está em campanha por um quarto mandato, conseguiu convencer os legisladores do Parlamento em apoiar o socorro ao país mediterrâneo, evitando uma revolta. Ela, aliás, viaja para o Brasil hoje, onde, à noite, participa de um jantar de trabalho no Palácio da Alvorada.
O euro é negociado com um viés de alta, na faixa de US$ 1,11. Já as moedas de países emergentes seguem em queda livre, assim como as commodities metálicas, sob o efeito chinês. Os doláres australiano e neozelandês caíram às mínimas em seis anos, cada, ante o xará norte-americano, diante das apostas de que os riscos vindos da China devem forçar os bancos centrais desses países (RBA e RBNZ) a cortarem os juros.
A moeda dos Estados Unidos pode (ou não) ganhar força na sessão de hoje, a depender da leitura a ser feita da ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve. O documento, referente ao encontro de julho, será divulgado às 15 horas, e pode trazer pistas sobre o momento exato da primeira alta do juro do país desde 2006.
Ontem, a taxa implícita dos Fed Funds mostrava 54% de probabilidade para manutenção dos juros entre zero e 0,25% em setembro; e 48% de alta para 0,50% na taxa na próxima reunião do Fed, em setembro. A agenda econômica norte-americana também traz, às 9h30, o índice de preços ao consumidor (CPI) em julho e o comportamento da inflação no varejo também pode ajudar a calibrar as apostas sobre o Fed.
No Brasil, o destaque é a divulgação do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central referente ao mês de junho. A expectativa para o dado é de queda de cerca de 0,6%, na mediana, na leitura ante maio e baixa de 1,30% na comparação com um ano antes. Para o acumulado do segundo trimestre, a previsão é de retração de 1,8% ante o período anterior.
O dado será divulgado logo cedo, às 8h30. Às 12h30, o BC volta à cena para anunciar os números semanais do fluxo cambial. Às 9 horas, é a vez dos números de emprego e salário na indústria.