Economia por um fio
O mês de julho chega ao fim com os mercados no Brasil ainda mais preocupados com a questão fiscal do país, após os dados de ontem mostrarem que o governo central registrou déficit primário, pela primeira vez, nos seis primeiros meses do ano. Os números que o Banco Central divulga hoje, às 10h30, devem apenas confirmar tal cenário, elevando o temor quanto à perda do grau de investimento.
Além disso, novos capítulos no âmbito da Operação Lava Jato podem agitar os negócios locais, após uma advogada afirmar, em entrevista a um jornal na TV, que sofreu ameaça velada depois que um delator acusou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, no esquema de propina. A advogada Beatriz Catta Preta foi convocada para depor na CPI da Petrobras.
Nesse ambiente de maior tensão, o dólar deve seguir pressionado hoje, um dia após ter encerrado novamente no maior nível desde março de 2003. A recente disparada da moeda norte-americana também pressiona o Banco Central a aumentar o volume da rolagem dos contratos de swap cambial para setembro.
No exterior, o dólar não apresenta um rumo única, com os investidores relutantes em firmar uma direção para a moeda dos Estados Unidos até que tenham mais pistas sobre quando o Federal Reserve deve elevar os juros norte-americanos. Assim, os investidores aproveitam o último dia do mês para "embelezar" seus portfólios.
As principais bolsas europeias estão de lado nesta manhã, digerindo dados sobre emprego e inflação na zona do euro. Mas, ainda assim, o índice Stoxx Europe 600 caminha para a melhor performance mensal desde fevereiro. A valorização no mês chega a 4%, em meio ao esfriamento da tensão com um eventual "Grexit".
Já na China, a Bolsa de Xangai registrou o pior mês em seis anos. O Índice Xangai Composto caiu 1,1% hoje, recuando nada menos que 15% em julho, na maior desvalorização mensal entre os principais mercados acionários do mundo e no pior desempenho para a bolsa chinesa desde agosto de 2009.
Hong Kong, por sua vez, subiu 0,56% hoje, mas caiu 14% no mês, na pior performance mensal desde setembro de 2011. No fim do dia, a China divulga o índice dos gerentes de compras (PMI) da indústria em julho e o dado deve reforçar os recentes sinais de enfraquecimento da segundo maior economia do mundo.
Os mercados emergentes foram a reboque da China. As moedas desses países devem ter em julho o pior mês do ano, com destaque para as perdas do rublo russo, do rand sul-africano e também do baht tailandês. O índice MSCI de mercados emergentes acumula perdas de quase 8% no mês.
Entre as commodities, o petróleo também caminha para o pior mês de 2015, diante dos sinais de um crescimento cada vez mais sólido da economia dos Estados Unidos, que tende a fortalecer o dólar. Já os metais básicos sofrem com a China.
Em Wall Street, os índices futuros das bolsas de Nova York estão de lado, sem viés definido, à espera de dados dos EUA sobre a atividade (10h45) e a confiança do consumidor (11h), ambos em julho. O juro da T-note de 10 anos estava em 2,27% nesta manhã.