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Entre BCs e dados


Tanto o Federal Reserve quanto o Banco Central brasileiro foram unânimes, ontem, em suas decisões de política monetária. Porém, enquanto o Banco Central dos Estados Unidos evitou dar pistas sobre os próximos passos, a autoridade doméstica foi muito clara em dizer, no comunicado que se seguiu ao anúncio de aumento da taxa Selic para 14,25%, que o ciclo de aperto monetário no Brasil chegou ao fim.

Para o Comitê de Política Monetária (Copom), a manutenção da Selic neste patamar "por um período suficientemente prolongado" é necessária para a convergência da inflação à meta até o fim de 2016. Com o novo aperto - o sétimo consecutivo e o sexto na dose de 0,50 ponto porcentual - o juro básico se iguala à taxa vista pela última vez em agosto de 2006.

Na votação, chamou a atenção a ausência do diretor de Assuntos Internacionais, Tony Volpon. Após polêmica de que teria antecipado seu voto, em declaração pública na semana passada, o diretor optou por não participar do encontro do Copom de julho, a fim de evitar prejuízo na imagem do BC.

O mercado de juros futuros tem, portanto, hoje, ajustes a serem feitos, já que os investidores ainda embutiam a possibilidade de mais uma alta da Selic em setembro. Agora, as apostas serão deslocadas para quando o juro básico deve começar a cair. Na Pesquisa Focus, a projeção aponta para um início do afrouxo em março de 2016.

A Bovespa também terá um dia intenso. Em meio à concorrência desleal com a renda fixa local, que retira a atratividade do retorno no arriscado mercado de renda variável, a safra de balanços doméstica rouba a cena. Apenas nesta quinta-feira são esperados os resultados trimestrais de grandes empresas, como a Vale, a Embraer e o Bradesco.

Já o dólar pode voltar a ser pressionado hoje, um dia após a moeda norte-americana interromper uma sequência de cinco altas consecutivas e fechar em baixa ante o real, abaixo de R$ 3,33. No exterior, o dólar ganha terreno ante o euro e o iene, encorajado pela interpretação dos investidores que vieram um tom mais duro ("hawkish") no comunicado do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc).

Ontem, o Fed deu várias dicas de que pode estar perto de promover a primeira alta dos juros nos EUA desde 2006, ao declarar que vê progresso no mercado de trabalho e que a inflação deve se elevar gradualmente rumo aos 2% no médio prazo - embora ainda permaneça em nível baixo.

Contudo, nem mesmo a sinalização do Fed de que a economia dos EUA está progredindo em direção a um aumento da taxa de juro desanimou as bolsas internacionais. O sinal positivo prevaleceu na Ásia e no Pacífico - exceto na China, onde a Bolsa de Xangai fez um movimento contrário ao de ontem e, na hora final de pregão, zerou os ganhos de 1,5% para fechar em baixa de 2,2%.

Hong Kong também caiu (-0,49%), mas o Nikkei 225 subiu 1,08%, ao passo que a Bolsa de Sydney ganhou 0,8%. Na Europa, os resultados corporativos melhores que o esperado sustentam as bolsas da região no azul, na contramão do sinal negativo vindo de Wall Street.

Os índices futuros das Bolsas de Nova York estão no aguardo do dado mais esperado do dia, assim como a T-note de 10 anos, cujo juro também recua nesta manhã. Trata-se da leitura preliminar do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no segundo trimestre deste ano. O dado será conhecido às 9h30 e a expectativa é de uma expansão na faixa de 2,5%, na taxa anualizada para o período, ante retração de 0,2% nos três primeiros meses do ano.

No mesmo horário, serão conhecidos os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país. Já no Brasil, a agenda econômica traz, às 8 horas, o resultado de julho do IGP-M, que deve acelerar para 0,74% (na mediana). Às 10h30, sai a nota do Banco Central sobre as operações de crédito. O resultado primário do governo central em junho também estava previsto para hoje.

Entre os eventos de relevo, a presidente Dilma Rousseff recebe hoje, às 16 horas, os governadores dos Estados brasileiros, em busca de apoio ao ajuste fiscal, em votação no Congresso. Em troca, o Palácio do Planalto irá ouvir apelos por medidas que reanimem a economia doméstica.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, também estará presente no encontro. Antes, porém, às 9 horas, ele reúne-se separadamente com os governadores do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, e de Minas Gerais, Fernando Pimentel.

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