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O PIB e a bolha


A economia da China deu mais um sinal de estabilização no segundo trimestre deste ano e repetiu a taxa de crescimento de 7%, contrariando a previsão de desaceleração da expansão para um ritmo abaixo desse patamar. A produção industrial chinesa avançou 6,8% em junho e as vendas no varejo cresceram 10,6%, ambos em base anual e também com resultados melhores que o esperado.

Os dados da segunda maior economia do mundo, porém, falharam em embalar os mercados financeiros nesta quarta-feira, com a confiança dos investidores ainda abalada após as medidas duras de Pequim. A Bolsa de Xangai caiu 3% hoje, com as perdas dos dois últimos dias anulando a recuperação engatada pelo mercado acionário chinês desde o tombo há uma semana. Até o pico de 12 de junho, Xangai havia subido 150% em 12 meses.

Cerca de 700 empresas permaneceram sem negociação em Xangai, ou 67% do mercado, ao passo que outras 1.240 ações de companhias listadas atingiram o limite diário de 10% de queda. O índice Xangai Composto caiu 25% nas últimas quatro semanas - o maior declínio entre as bolsas mundiais - em meio às apostas de que a valorização do mercado chinês é insustentável.

A Bolsa de Hong Kong também caiu hoje, mas apenas 0,3%. Os demais mercados da região Ásia-Pacífico, contudo, registraram ganhos, com destaque para os avanços em Tóquio (+0,38%), Seul (+0,5%) e Sydney (+0,9%). Entre as moedas de países emergentes, o rublo russo, o rand sul-africano e a lira turca recuam ante o dólar. As commodities metálicas buscam inspiração nos dados chineses.

Já na Europa, o sinal negativo prevalece, com os investidores redirecionando o foco para a Grécia. Enquanto o Parlamento grego vota hoje as medidas dos credores internacionais, a população se avoluma nas praças e ruas das cidades ainda ecoando o “não” contra mais austeridade. A oposição segue propensa a apoiar a votação, mas membros do próprio partido do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, mostram revolta.

A Bolsa de Atenas permanece fechada nesta quarta-feira. Em Paris, Londres e em Frankurt, os índices acionários têm ligeiras perdas, assim como o euro. As ações de montadoras lideram a queda. Nas commodities, o petróleo volta a ter uma sessão volátil hoje.

Em meio a todo esse farto noticiário no exterior, o Brasil tem também de lidar com seus próprios problemas. Os diretores do Banco Central, entre eles Tony Volpon e Luiz Awazu, participam hoje da abertura da missão anual da Moody’s. O rebaixamento do rating soberano do Brasil pela agência de classificação de risco já é praticamente certo.

Há, porém, dois temores. Primeiro, o de que o downgrade seja acompanhado de uma nova perspectiva negativa, o que colocaria em risco o grau de investimento do país. Aliás, é bom lembrar, quando rebaixou o rating da Petrobras, a Moody’s cortou dois degraus de uma só vez - o que seria um segundo receio do governo brasileiro e também do mercado.

Mas os investidores devem ter um dia cheio pela frente, já que a pauta econômica também está carregada nos Estados Unidos. Por lá, as atenções se dividem entre os números da produção industrial norte-americana em junho (10h15) e o depoimento da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, na Câmara dos Deputados, às 11 horas.

À espera desses dois grandes eventos, os índices futuros estão de lado nesta manhã, mas com um ligeiro viés positivo. Ainda no calendário norte-americano, às 11h30, saem os estoques de petróleo bruto e derivados nos EUA.

À tarde, às 15 horas, ainda tem a divulgação do Livro Bege, do Fed. Antes de tudo isso, às 9h30, será conhecido o índice de preços ao produtor em junho. Também pela manhã, o Bank of America publica seu balanço financeiro e,após o fechamento dos mercados, é a vez de Intel e Netflix.

Internamente, a divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de maio ainda não foi confirmada e o dado deve ser conhecido até sexta-feira. Com isso, o calendário doméstico fica mais fraco e traz o indicador de ciclos econômicos da FGV, além dos números semanais do fluxo cambial. Também é esperada para hoje a confiança do empresário, da CNI.

Em Brasília, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, toma café da manhã com deputados, tentando ainda alinhavar qualquer apoio no âmbito do ajuste fiscal, mas depois participa de audiência sobre o direito do consumidor. A Câmara, ontem, concluiu a votação da reforma política, com mudanças nas campanhas, enquanto o Senado aprovou o aumento da pena para menores.

No front corporativo, destaque para a notícia de que a Petrobras estuda privatizar sua subsidiária de gás (TAG), que controla a malha de gasodutos brasileiros. A venda faria parte do pacote de desinvestimento da estatal, anunciado em março, a fim de reduzir o endividamento.

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