Dia de dados do varejo mundial
China e Grécia dão uma trégua no noticiário nesta terça-feira e saem do foco do mercado financeiro, ao menos até amanhã, o que desloca as atenções dos investidores para a agenda de indicadores. E o dia reserva dados do varejo no Brasil (9h) e nos Estados Unidos (9h30) e, em ambos os casos, a expectativa é frágil.
Enquanto internamente as vendas do comércio varejista devem cair pelo quarto mês consecutivo em maio, no conceito restrito (-0,2% na mediana), com o recuo na comparação anual sendo o maior para o mês desde 2003 (-3,6% na mediana); nos EUA o mês de junho pode ter perdido fôlego e registrado entre uma leve baixa e uma ligeira alta, após a retomada do consumo no varejo norte-americano em maio.
Mas o calendário econômico do dia está carregado e já começou com os números sobre a inflação e o sentimento econômico na Alemanha, onde os preços ao consumidor caíram em junho e o índice Zew mostrou leituras mistas sobre as condições atuais e futuras, mas manteve um tom positivo.
Em meio a esses números, as principais bolsas europeias exibem leves perdas, interrompendo o rali de quatro dias do índice Stoxx Europe 600, no maior ganho para o período desde 2011. A expectativa na Europa recai, agora, no Parlamento grego, que deve votar amanhã as reformas necessárias para um novo pacote de ajuda. Uma greve geral no país também está prevista para esta quarta-feira.
Entre as moedas, o euro tenta ganhar tração ante o dólar, enquanto a libra esterlina cai, com a taxa de inflação no Reino Unido de volta à zero. Já o juro da T-note de 10 anos recua nesta manhã, um dia após o rendimento subir ao maior nível desde o fim de junho.
O movimento nas Treasuries e no câmbio reflete o comportamento do petróleo. A commodity cai forte nesta manhã, após o acordo nuclear do Irã com as potências mundiais levantar a perspectiva de aumento dos embarques em um mercado com excesso de oferta.
Já em Nova York, os índices futuros das bolsas também estão no campo negativo, antes da agenda do dia. Além dos dados do varejo, são esperados para hoje o índice de preços de produtos importados em junho (9h30) e os indicadores de estoques em maio (11h).
Porém, aos poucos, o radar em Wall Street se concentra no depoimento da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, amanhã e depois, no Congresso. A Casa dos senadores brasileiros, por sua vez, deve ficar agitado hoje. Afinal, é grande a expectativa pela participação do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, em audiência pública, às 10 horas, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
O tema do encontro deve ser as “pedaladas fiscais”, a uma semana do prazo para a presidente Dilma Rousseff se explicar ao Tribunal de Contas da União (TCU) sobre os gastos públicos do ano passado. A audiência na CAE do Senado contará com a presença do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.
Enquanto isso, Renan Calheiros (PMDB-AL) pode colocar em votação hoje as novas alíquotas interestaduais do ICMS, que só entrarão em vigor em janeiro de 2017. Antes, às 10 horas, Dilma reúne-se com Renan no Palácio do Planalto. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, têm apenas compromissos internos.
Mas no fim do dia, a China volta à cena para anunciar, de uma só vez, os dados de junho da indústria, do varejo e dos investimentos. O indicador chinês mais aguardado, contudo, é o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano. A previsão é de um número um pouco abaixo de 7%, ante taxa exatamente neste patamar nos três primeiros meses de 2015.
À espera desses números, a Bolsa de Xangai caiu pela primeira vez em quatro dias, em -1,2%, abaixo dos 4 mil pontos, sendo que menos de 30% das companhias listadas seguiram com as negociações suspensas. O comportamento relegou a melhora na concessão de crédito na China, que registrou em junho a maior alta desde janeiro, totalizando US$ 300 bilhões.
Hong Kong também caiu e fechou com -0,4%. Os demais mercados asiáticos, porém, subiram, em meio ao otimismo da véspera com um acordo grego.