Tempo fecha em Brasília
A temperatura subiu em Brasília nesta madrugada, após a Câmara dos Deputados aprovar, contrariando a orientação do governo, a emenda à Medida Provisória (MP) 672, que estende a política de reajuste real a aposentadorias acima do salário mínimo. Os deputados também aprovaram, após muitas concessões, o texto-base do projeto de lei que retira as desonerações da folha de pagamento. Mas ainda pode haver emendas, já que serão votados os destaques do texto na manhã desta quinta-feira.
Deve ser intensa a movimentação na capital federal em torno dessas MPs, que podem colocar em xeque o ajuste fiscal. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, reúne-se pela manhã com economistas (11h) e, à tarde, participa de reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), na qual também estará presente o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
Na pauta, pode-se optar pela redução da margem de tolerância da meta de inflação em 2017. A presidente Dilma Rousseff, por sua vez, embarca para a Cidade do Panamá, onde cumpre uma agenda oficial extensa.
Mas é com esse clima ainda mais tenso na capital federal que os mercados domésticos abrem os negócios hoje, no aguardo também dos números sobre o desemprego no país no mês passado, que o IBGE informa às 9 horas. Em abril, a taxa havia ficado em 6,4% e a expectativa é de um avanço no dado.
Pela manhã, a Fipe informou que a terceira prévia do mês de seu IPC repetiu a taxa da leitura anterior e subiu 0,54%, ficando acima da mediana das expectativas, de 0,51%. Também são esperados para hoje os números de maio da arrecadação federal, além dos resultados fiscais do governo central.
Já no exterior, aquele sentimento de otimismo em relação à Grécia que imperava desde o início da semana se esvaiu, com os investidores mostrando-se cada vez mais apreensivos em meio à falta de progresso nas negociações entre Atenas e seus credores internacionais antes do prazo final de um pagamento iminente de cerca de 1,5 bilhão de euros.
Com isso, as principais bolsas europeias oscilam entre margens estreitas, ora em alta, ora em baixa, ao passo que o euro recua ante o dólar. A Bolsa de Atenas perdia ao redor de 0,5%, enquanto a de Frankfurt tentava ganhar tração, a despeito do indicador GfK apontar para uma piora no sentimento do consumidor alemão em julho, pela primeira vez desde outubro. O dado caiu a 10,1, de 10,2 em junho, ante previsão de estabilidade. Entre os bônus, o juro (yield) dos títulos de 10 anos da Espanha e da Itália sobe, diante dos renovados receios de contágio.
O movimento na Europa ocorre após a reunião do Eurogrupo, ontem, terminar sem novidades com cerca de uma hora de encontro. Relatos dão conta que as diferenças fundamentais ocorrem sobre as pensões e outros cortes no orçamento, mas as tratativas devem prosseguir, com o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras liderando as negociações.
O impasse na Grécia atingiu também os mercados na Ásia, sendo que a performance na região foi contaminada ainda pelo tombo de 3,5% da Bolsa de Xangai, com os investidores vendendo ações compradas com dinheiro emprestado pelo terceiro dia seguido. Com perdas menores, Hong Kong caiu quase 1% e Tóquio perdeu quase 0,5%.
Alheios a esse sinal negativo pelo mundo, os índices futuros das bolsas de Nova York exibem ganhos nesta manhã, na expectativa pela divulgação de dados sobre a renda pessoal e os gastos com consumo em maio, bem como pelos pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos nos Estados Unidos.
Todos esses indicadores norte-americanos serão conhecidos às 9h30 e, a depender da leitura dos números, podem ter força para suavizar (ou não) o ambiente mais avesso ao risco no exterior. Já internamente, o tempo fechado em Brasília pode também esquentar o clima dos negócios locais.