De olho no Senado
Os mercados internacionais voltam do fim de semana prolongado, em várias partes do mundo, com os ativos ainda pressionados, à medida que a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, indicou que irá elevar os juros nos Estados Unidos neste ano e, ao mesmo tempo que os investidores aguardam desdobramentos das negociações sobre o resgate da Grécia. Mas, no Brasil, o que interessa é o ajuste fiscal.
O Senado deve votar hoje a Medida Provisória (MP) 665, que muda o critério para o acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial. Trata-se da primeira MP que será votada na Casa e que pode perder seu efeito em 1º de junho, caso a tramitação não esteja concluída no Congresso até lá.
A segunda medida, a MP 664, que altera regras para o acesso à pensão por morte, só será votada pelos senadores após a conclusão da MP 665. As duas matérias já foram aprovadas pela Câmara. Aliás, a pauta entre os deputados passa a ser outra, a da reforma política, que será analisada diretamente no plenário da Casa.
Os negócios no Brasil devem seguir reféns da votação das medidas do pacote da equipe econômica para equilibrar as contas públicas. Ontem, o dólar e os juros futuros de longo prazo subiram, em meio às incertezas do ajuste fiscal. A Bovespa também avançou, com um fraco giro financeiro.
E o sinal negativo entre os ativos de risco nesta manhã pode adicionar pressão ao cenário doméstico do dia, mas vale destacar que, na madrugada, as bolsas da Ásia tiveram uma performance positiva, com o índice Xangai Composto completando o maior avanço em seis dias (15%) desde novembro de 2008. Já as principais bolsas e moedas europeias recuam desde cedo, assim como os índices futuros das bolsas de Nova York, com os negócios em algumas dessas regiões voltando do feriado ontem e ainda reagindo à fala de Yellen na sexta-feira passada.
A perspectiva de que os EUA vão subir os juros neste ano ganhou um ingrediente a mais ontem, quando a presidente da distrital de Cleveland do Fed, Loretta Mester, afirmou que o “tempo está próximo” para um aumento da taxa dos Fed Funds. Já o vice-presidente do Fed, Stanley Fischer, disse que o que está sendo levado em conta são os riscos de elevar os juros prematuramente contra o perigo de ter que “correr atrás” se esperar muito tempo.
Com isso, o dólar se fortalece ante o euro e o iene, sendo que a moeda única europeia é negociada nos níveis mais baixos em um mês ante a norte-americana, ao passo que a divisa dos EUA renovou a máxima em dois meses ante a japonesa. Entre os bônus, o yield da T-note de 10 anos tem leve baixa a 2,18%; o juro do bund alemão de mesmo vencimento recuava a 0,55%, enquanto o gilt britânico caía a 1,88%, mais cedo.
Os mercados na Europa são afetados ainda pelos receios sobre a situação da dívida grega. O governo de Atenas tem de pagar cerca de 300 milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI) até o fim da próxima semana, mas os líderes gregos culpam a insistência dos credores por mais austeridade pelo impasse sobre o resgate financeiro do país mediterrâneo.
À espera de novidades sobre o assunto, os investidores irão analisar os dados dos EUA de hoje em busca de pistas adicionais sobre a recuperação econômica para aferir em qual mês de 2015, então, será o primeiro aperto dos juros norte-americanos desde 2006. Às 9h30, saem as encomendas de bens duráveis, que devem ter caído em abril.
Às 11 horas, é a vez das vendas de novas moradias no país, que devem ter aumentado, também no mês passado. No mesmo horário, serão conhecidos ainda a confiança do consumidor em maio, que deve ter recuado, além de indicadores regionais de atividade, em Dallas e Richmond.
Internamente, a agenda de indicadores trouxe, logo cedo, a terceira prévia do IPC-Fipe, que subiu 0,70%, mantendo a desaceleração em relação às altas de 0,83% e de 1,04% apuradas nas duas leituras anteriores. Logo mais, às 8 horas, saem o INCC-M, além das sondagens do consumidor e da construção civil - todos de maio.
Às 10h30, o Banco Central publica a nota sobre o setor externo em abril, com o déficit das transações correntes devendo ficar em US$ 6,750 bilhões e não sendo financiado pelo Investimento Estrangeiro Direto (IED), que deve girar em torno de US$ 4,4 bilhões. Outro ponto de relevo é a participação do presidente do BC, Alexandre Tombini, de audiência pública em comissão mista na Câmara. O diretor de política econômica, Luiz Awazu, também estará presente.