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Cada um com seus problemas


Enquanto os mercados no exterior sofrem novamente com o drama épico da dívida da Grécia, as atenções dos negócios locais se voltam para Brasília, onde devem ganhar corpo as negociações sobre o ajuste fiscal. Isso porque a agenda econômica desta terça-feira está fraca, o que desloca o foco dos investidores nos problemas atuais, domésticos e internacionais, que têm potencial para arrastar o sentimento em relação ao risco.

O sinal negativo prevalece nos mercados internacionais nesta terça-feira, vindo desde a Ásia, passando pela Europa e chegando até Nova York. Os investidores aproveitam os níveis esticados das bolsas de valores e realizam lucros, com os negócios com ações afetados, principalmente, pela renovada turbulência no mercado de bônus, ao mesmo tempo que monitoram os desdobramentos das negociações sobre a dívida da Grécia.

A exceção, vale citar, ficou com a China, com o índice Xangai Composto subindo 1,56%, elevando a valorização nos últimos três dias para 7%, em meio às especulações de que a redução nos custos de empréstimo vai impulsionar o consumo doméstico. A Bolsa de Tóquio ficou de lado, com +0,02%.

O ministro de Finanças grego, Yanis Varoufakis, declarou aos líderes da zona do euro que Atenas planeja fazer uma “barganha” para obter as parcelas finais do programa de resgate financeiro. Segundo autoridades europeias, um progresso rápido está sendo feito e a Grécia teria pago ao Fundo Monetário Internacional (FMI) a parcela da dívida que venceria hoje, mas ainda é necessário mais esforço. Além disso, o Banco Central Europeu (BCE) estaria reavaliando o acesso dos bancos gregos a uma liquidez de emergência, amanhã.

Em meio a esse noticiário, o índice ASE, da Bolsa grega, estava praticamente de lado. Já as principais bolsas europeias têm queda firme, de até 2,5% em Frankfurt e de 2% em Paris. Entre os bônus, o rendimento (yield) dos papéis de 10 anos da Itália, Espanha e Alemanha saltava nesta manhã, ecoando o avanço do juro das Treasuries de 10 anos, ontem, para o maior nível em mais de cinco meses (desde 5 de dezembro).

Mais cedo, a T-note de 10 anos ronda a faixa de 2,35%, em uma onda de reversão do rali nos bônus verificado em meio aos estímulos injetados pelo Banco Central Europeu (BCE). Esse aumento nos yields dos títulos norte-americanos afeta também os mercados emergentes, com as taxas de juros dos bônus de Austrália, Tailândia e Indonésia, entre outros, subindo desde cedo, uma vez que a tendência de menos liquidez, se confirmada, pode testar a vulnerabilidade de países com déficit em conta corrente, como o Brasil.

Aliás, o dólar ontem teve forte valorização ante o real e voltou ao patamar de R$ 3, o que fez a Bovespa ficar de lado, nos 57 mil pontos. O euro, por sua vez, ensaia uma recuperação ante o dólar nesta manhã. Já a libra esterlina conquista terreno ante a moeda norte-americana, na esteira do inesperado avanço da produção industrial do Reino Unido em março, de +0,5% ante o mês anterior, de uma previsão de estabilidade.

Nos três primeiros meses do ano, a indústria britânica cresceu 0,1%, dado revisado de uma leitura original de queda de 0,1%, apontando para uma retomada da atividade. O dado sobre a indústria no Reino Unido foi conhecido um dia antes do presidente do Banco Central inglês (BoE), Mark Carney, anunciar novas previsões para inflação e PIB no país. Ontem, o BoE manteve sua política monetária inalterada.

Nenhum outro indicador foi divulgado hoje na Europa e a agenda econômica no exterior reserva apenas a divulgação do relatório mensal de orçamento dos Estados Unidos em abril, às 15 horas. Também será conhecido o relatório mensal de produção mundial de grãos do USDA.

Diante desse calendário mais fraco e do “estresse” no mercado de bônus, os índices futuros em Wall Street recuam.

Doméstico. Já no Brasil, a Fipe informou que seu IPC subiu 1,04% na primeira leitura de maio, de alta de 1,10% no dado fechado de abril. O resultado no início deste mês ficou ligeiramente acima da mediana das expectativas do mercado, de 1,02%. Às 9 horas, o IBGE e a Conab informam os números estimados sobre a produção agrícola em abril. No mesmo horário, também serão conhecidos os dados regionais da produção industrial em março.

Na capital federal, a segunda Medida Provisória do pacote da equipe econômica, a MP 664, que altera as regras para concessão de pensão por morte e auxílio doença, deve entrar na pauta da Câmara apenas amanhã.

A MP 665, aprovada pelo deputados, chega ao Senado hoje. Mas a medida não foi tema de conversa durante um voo entre a presidente Dilma Rousseff, que ofereceu uma “carona” ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e viajaram juntos a Santa Catarina. Preocupada com uma possível derrota do governo na aprovação do nome do jurista Luiz Edson Fachin para o Supremo Tribunal Federal (STF), Dilma quis falar pessoalmente com Renan e garantir que ele ajudará na aprovação do nome do jurista.

Hoje, a presidente embarca para o Rio de Janeiro, onde participará de cerimônia do Minha Casa, Minha Vida e dos Jogos Olímpicos. Já o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está em Londres, onde tem compromissos formais. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, continua na Suíça, e participa hoje como palestrante em uma conferência promovida pelo Banco Central suíço (SNB) e pelo FMI.

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