China e Grécia dão o tom aos mercados
Os mercados internacionais iniciam a semana com um tom positivo, após a decisão do Banco Central da China (PBoC), ontem, de cortar as taxas de juros pela terceira vez em seis meses a fim de apoiar a segunda maior economia do mundo. Porém, o apetite pelo risco é limitado, sobretudo na Europa, diante das preocupações com a dívida da Grécia.
Na Ásia, contudo, a sessão foi de ganhos. A Bolsa de Xangai registrou o maior avanço em quase duas semanas, de +3%, e a de Hong Kong subiu 0,5%, em reação ao corte de 0,25 ponto porcentual nas taxas de juros de um ano para empréstimos e depósitos, agora em 5,1% e 2,25%, respectivamente. As demais bolsas asiáticas também subiram, com +1,25% para o índice japonês Nikkei.
A mais recente redução promovida pelo BC chinês ocorre na esteira de dados decepcionantes sobre a balança comercial, com recuo inesperado nas exportações, e também depois de números comportados sobre a inflação no varejo e no atacado, conhecidos no sábado.
Ainda assim, o editorial da agência estatal de notícias Xinhua, na noite da última sexta-feira, fez questão de frisar que a China não está se juntando ao “Clube do QE”. Segundo o editorial, é amplamente aceitável que o PBoC injete mais liquidez no mercado interbancário. “Mas tal injeção de liquidez não é um QE”, pondera.
Entre os mercados emergentes, o índice MSCI subia ao redor de 0,4%, mais cedo em Londres. Porém, o tom positivo na Europa é revestido de cautela. Isso porque os ministros de Finanças da zona do euro (Eurogrupo) reúnem-se novamente hoje, em Bruxelas, para tratar da questão grega.
O prazo final de pagamento de 750 milhões de euros pelo governo de Atenas ao Fundo Monetário Internacional (FMI) é amanhã e as autoridades gregas ainda estão em um impasse com seus credores sobre a liberação da próxima parcela de resgate. Com isso, funcionários do FMI já estariam trabalhando com líderes europeus em um plano de contingência para um eventual calote grego.
Em reação, a Bolsa de Atenas recuava ao redor de 3%, instantes atrás. As bolsas de Paris e de Frankfurt também caíam, ao passo que os ganhos de mineradoras sustentam em alta a Bolsa de Londres. O euro perde terreno ante o dólar e o iene, sendo negociado nos níveis mais baixos do mês, enquanto o juro dos bônus soberanos da Itália, da Espanha e da Alemanha tem alta firme.
Do outro lado do Atlântico Norte, os índices futuros das bolsas de Nova York estão de lado, mas com um ligeiros viés de baixa, devolvendo parte do ímpeto observado ao final da semana passada, quando o relatório sobre o mercado de trabalho norte-americano (payroll) reforçou o otimismo dos investidores de que o emprego nos Estados Unidos está ganhando tração, mas em um ritmo não tão rápido o suficiente para justificar um aumento das taxas de juros pelo Federal Reserve em junho.
Agenda. O calendário econômico do dia no exterior está esvaziado, o que desloca as atenções para o que vem por aí na semana. Nos EUA, os destaques são as vendas no varejo (quarta-feira) e a produção industrial (sexta-feira); os números sobre a indústria no Reino Unido, na China e na zona do euro também serão conhecidos entre amanhã e quarta-feira. Além disso, na mesma quarta-feira, saem o PIB alemão e da região da moeda única como um todo e, ainda, o varejo chinês.
No Brasil, o indicador do comércio varejista será conhecido na quinta-feira. Antes, já nesta segunda-feira, sai a primeira prévia de maio do IGP-M (8h), além da Pesquisa Focus (8h30) e dos números semanais da balança comercial (15h). Amanhã é a vez da produção agrícola e, na sexta-feira, serão conhecidos o IGP-10 do mês e o índice de atividade econômica do Banco Central, o IBC-Br.
Entre os eventos de relevo, hoje, a presidente Dilma Rousseff viaja para o interior de Minas Gerais, mas antes participa de reunião de coordenação política (9h) e, no retorno, reúne-se ainda com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa (18h). O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, cumpre apenas compromissos internos, enquanto o presidente do BC, Alexandre Tombini, participa da reunião bimestral de presidentes de bancos centrais do Banco de Compensações Internacionais (BIS), na Basileia (Suíça).
Na safra de balanços doméstico, merecem atenção os resultados trimestrais das elétricas, na quarta e na sexta-feira, e também do Banco do Brasil, na quinta-feira, entre outros.