Copom dentro do previsto e Fed sem novidades
O Banco Central brasileiro confirmou, há pouco, a elevação dos juros básicos em 0,50 ponto porcentual, para 13,25%. Trata-se do maior nível da Selic desde dezembro de 2008, quando encerrou a 13,75% - patamar em que estacionara em setembro do mesmo ano, em meio ao colapso do Lehman Brothers.
A manutenção no ritmo de aperto, hoje, pela quarta reunião seguida do Comitê de Política monetária (Copom), deixou o Brasil na incômoda liderança do ranking de melhor pagador de juros reais do mundo. Levantamento feito pela UpTrend Economic Advisors e obtido pelo blog A Bula do Mercado mostra ainda que somente um improvável corte de 1,25 ponto porcentual na taxa Selic ao final do encontro desta quarta-feira do Copom tiraria o Brasil da atual posição.
Considerando-se as taxas de juros praticadas em 40 países do mundo e as projeções médias de inflação futura para os próximos 12 meses (Ex Ante), o Brasil ocupa o primeiro lugar, com uma taxa de juro real de 4,76%. Na lista, o país tem a companhia de outras nações que formam o acrônimo BRICS.
Índia e China aparecem, respectivamente, na segunda e terceira colocação das maiores taxas de juros reais do mundo, com 3,17% e 2,18%. Já a Rússia vem lá atrás, na 33ª posição, com taxa de juro real de -0,87%. Entre os países europeus, a problemática Grécia aparece em 7º lugar, com taxa de juro real de 1,37%.
O Brasil também aparece à frente até mesmo dos maiores pagadores nominais da atualidade. Enquanto o juro nominal na Venezuela é de 19,17%, o juro real venezuelano é negativo; na Argentina, que lidera a lista de juro nominal, com taxa de 20,52%, o juro real também é negativo, em -8,07%.
O novo aperto do Copom, que começou em setembro do ano passado a um passo de 0,25pp, foi decidido em meio à alta resistente da inflação no país e diante das dificuldades das contas públicas. Nos dados mais recentes, de março, o superávit do governo central foi de apenas R$ 1,4 bilhão, quando o esperado era ao redor de R$ 3,5 bilhões, enquanto a inflação acumulada pelo IPCA bateu 8,13% nos últimos 12 meses.
A autoridade monetária, porém, repetiu o comunicado das últimas reuniões. Enxuto, o texto não traz pistas quanto à continuidade do ciclo de aperto da Selic nos meses à frente, preservando certo grau de liberdade para as próximas decisões.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve também evitou se comprometer. O Banco Central norte-americano fez pouco em alterar as visões sobre o momento exato em que deve ocorrer a primeira alta do juro básico do país desde 2006.
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) manteve a afirmação de que a decisão de elevar a taxa dos Fed Funds será guiada pelos dados econômicos. O colegiado pareceu até um pouco otimista em relação à atividade, o mercado de trabalho e à inflação, mas não deixou nenhuma pista de que pretende subir o juro em breve por um único motivo: aguarda uma virada sólida e sustentável do crescimento econômico.
Também divulgado hoje, a primeira estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA mostrou que a economia praticamente estacionou no início do ano, por causa do frio. Em meio às condições adversas de um inverno rigoroso, a maior economia do mundo cresceu apenas 0,2%, na taxa anualizada do primeiro trimestre deste ano, vindo de um ritmo de expansão de 2,2% no período anterior.