De olho na Grécia
O futuro da Grécia está novamente em xeque nesta sexta-feira. Líderes da zona do euro estão reunidos hoje na cidade de Riga, capital da Letônia, para tentar desbloquear o caminho que vem dificultando o país mediterrâneo em seguir na região da moeda única.
Ministros de Finanças do bloco já manifestaram nesta manhã sua frustração com a estratégia grega, de tentar ignorar o veto à ajuda financeira com um apelo à chanceler alemã, Angela Merkel, por um acordo provisório a fim de financiar-se neste mês. Para as autoridades da zona do euro, Atenas ainda não tem demonstrado progressos suficientes nos planos para reformar a economia e justificar um empréstimo.
Apesar deste mal-estar, as principais bolsas europeias exibem ganhos firmes nesta manhã, apoiadas na safra de balanços e inspiradas pelos novos recordes em Wall Street, ontem. O índice Nasdaq 100 fechou em máxima histórica pela primeira vez desde o estouro da bolha do setor de tecnologia, há 15 anos. O S&P 500 também renovou o maior patamar da história, aos 2.120 pontos, na sessão.
Também contribui para o movimento na Europa o avanço do índice alemão Ifo, sobre o sentimento econômico na maior economia do Velho Continente, para o maior nível desde junho, a 108,6 em abril ante previsão de alta menor, a 108,4. A Bolsa grega, por sua vez, subia ao redor de 3,5%, mais cedo, ao passo que o juro dos bônus gregos de 2 e de 10 anos recua.
Já o euro avança, diante de reportagem no jornal grego Kathimerini, de que a Grécia teria assegurado 450 milhões de euros de autoridades locais para impulsionar os cofres públicos. No início da semana, o governo grego teria emitido uma ordem para essas autoridades para entregar reservas de dinheiro ao Banco da Grécia, a fim de aliviar as pressões de financiamento.
Mesmo assim, a expectativa por uma solução para os problemas da dívida da Grécia é pequena. Poucos acreditam em um acordo final entre o país e seus credores internacionais, em meio às negociações que acontecem hoje e que já se arrastam há pelo menos três meses.
Ainda no exterior, enquanto a Ásia teve um desempenho misto, com as bolsas de Tóquio e de Xangai recuando das máximas em anos, mas a de Sydney, na Austrália, se deslocando do desempenho e subindo; os índices futuros em Nova York também exibe ganhos. A agenda norte-americana reserva apenas as encomendas de bens duráveis nos Estados Unidos (9h30), entre os dados. Nos balanços, têm American Airlines, Biogen e Xerox.
Brasil. Por aqui, a Petrobras continua sendo destaque. A primeira divulgação do balanço auditado da companhia desde agosto tirou um grande peso não só sobre a estatal, mas do próprio país, o que levou os ativos domésticos a romper barreiras, ontem.
A Bovespa foi para além dos 55 mil pontos, enquanto o dólar caiu abaixo de R$ 3,00.
Porém, passada a sensação inicial de alívio, os investidores se debruçam sobre as perspectivas para a empresa. O noticiário da imprensa traz nesta sexta-feira que entre as opções no cardápio estão: captação externa; vendas de ativos, incluindo no pré-sal; e a adoção de um modelo de parceria na Petrobras, nos moldes do que o presidente Aldemir Bendine fez no Banco do Brasil.
Para permitir a viabilidade de negócios da empresa, Bendine admite também que os preços da gasolina seguirão a cotação no exterior. Tal fator traz de volta a questão do controle dos reajustes de combustíveis pelo governo federal e Bendine mostra que não leva em conta grande desfagem interna de preços.
Essa paridade externa, porém, não será como nos EUA, onde as oscilações no mercado varejista são diárias. Aliás, como dito na A Bula do Mercado, os preços do galão de gasolina nas bombas do país atingiu nesta quarta-feira o maior valor do ano, a quase US$ 2,50, uma vez que o barril do WTI e do Brent se recuperaram no exterior e também estão nos níveis mais altos de 2015. A commodity continua em alta nesta manhã.
Já na política brasileira, os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Eduardo Cunha, parecem estar se estranhando. Com a aprovação do projeto de terceirização entre os deputados, Renan ameaça agora engavetar a lei na Casa que comanda. Para ele, a terceirização é uma “pedalada no direito do trabalhador”. Cunha, por sua vez, ameaçou segurar votações, travando pautas entre os senadores.
No Planalto, hoje é dia de homenagens à Coreia do Sul, com a visita oficial da presidente da República da Coreia, Park Geun-hye, que será recepcionada por Dilma Rousseff. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, participa do almoço concedido pelo governo brasileiro ao país asiático, às 13 horas.
Entre os indicadores domésticos, às 8 horas, tem a leitura preliminar do mês da sondagem da indústria e, às 10h30, o Banco Central publica a nota sobre operações de crédito em março.