Brasil em pauta
O comportamento dos mercados domésticos ontem deixou claro que é o noticiário interno que está ditando os rumos dos negócios por aqui.
Em meio a declarações de dirigentes de bancos centrais, na Europa e nos Estados Unidos, além de dados econômicos chineses e norte-americanos, o que prevaleceu na sessão da véspera foi a expectativa em torno do balanço da Petrobras e potenciais vendas de ativos pela companhia. Ao final do dia, a Bovespa encostou nos 55 mil pontos e o dólar caiu abaixo de R$ 3,05. As ações preferenciais da estatal atingiram o maior valor desde novembro.
Hoje, o fator político deve predominar nas mesas de operação, diante de uma agenda de indicadores mais fraca, com IPC-S semanal às 8 horas e pesquisa de serviços em fevereiro, às 9 horas. À tarde (15h), tem emprego na indústria.
Enquanto digerem o movimento da oposição para impor a pauta do impeachment da presidente Dilma Rousseff bem como os protestos nas ruas contra a proposta de terceirização de atividades-fim, os investidores repercutem o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentária (PLDO) de 2016, enviado à noite ao Congresso Nacional.
No documento, a previsão do governo para a inflação medida pelo IPCA é de 8,2% no fim deste ano, caindo a 5,6% em 2016. Para o câmbio, a previsão é de taxa de R$ 3,21 em dezembro. O governo também estabeleceu a meta de superávit primário do setor público consolidado em R$ 126,73 bilhões no ano que vem, o equivalente a 2% do PIB.
Neste ano, a meta é de R$ 66,3 bilhões, ou 1,2% do PIB. Já as estimativas para o desempenho da economia brasileira são de retração de 0,9% em 2015, enquanto para 2016, a previsão diminuiu para crescimento de 1,3%, de +2% esperado antes.
A equipe econômica vem reforçando que a estabilidade fiscal é o primeiro passo para a recuperação do crescimento. A retomada da confiança dos agentes econômicos também é crucial e, para isso, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já está em Washington, acompanhado do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
Ambos cumprem uma agenda cheia na capital dos EUA, sendo que Levy reúne-se com a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, e também com o secretário do Tesouro norte-americano, Jacob Lew.
Exterior. Lew, aliás, afirmou em entrevista à imprensa estrangeira, que a economia dos EUA “está muito melhor”, o que somente reforça que o início do processo de normalização monetária pelo Federal Reserve segue cada vez mais perto. Para o “falcão”, James Bullard, da distrital de Saint Louis, a subida do juro é necessária para vir o “boom” econômico.
Apesar dessa iminência no aperto das taxas, o índice S&P 500, da bolsa de Nova York, encerrou a sessão de ontem próximo ao recorde de alta, com os players cientes da “dependência por dados” sinalizada pelo Fed para começar a se mover e diante de uma rodada mista de indicadores econômicos norte-americanos, o que abriu espaço para puxar um pouco mais. Nesta manhã, porém, prevalece um viés de baixa.
O calendário norte-americano do dia traz dados sobre o setor de construção civil, às 9h30. No mesmo horário, saem os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país. Ao final da manhã, tem também o índice regional de atividade na Filadélfia (11h).
Wall Street, porém, tem se voltado mais para a safra de balanços, que segue a todo vapor, e também para o comportamento dos preços do petróleo, que é negociado nos maiores níveis do ano diante das apostas de que a produção de xisto nos EUA atingiu o pico. Hoje, a commodity oscila em baixa.
Já na Europa, o foco se desloca novamente para a Grécia. As principais bolsas devolvem parte da puxada recente, que renovou as máximas de algumas praças da região, com os investidores atentos à situação da dívida do país mediterrâneo. Em Atenas, a bolsa recua pouco mais de 0,3%, ao passo que o juro do título grego de 10 anos sobe cerca de 1% nesta manhã.
A crise de liquidez grega se intensificou, diante da proximidade do prazo de pagamento de empréstimo junto ao FMI e um largo pagamento de salários e pensões, programados para vencer em maio. Atenas negociou com o FMI um atraso no cumprimento das obrigações, mas foi repelida. O euro ronda em alta a faixa de US$ 1,07.
Por fim, na Ásia, o índice MSCI da região seguiu na máxima desde maio de 2008.