Preços na China refletem desafio por demanda
Uma inflação ao consumidor se estabilizando combinada com a 37ª queda consecutiva dos preços no atacado na China revela um cenário desafiador para as autoridades do país: a demanda fraca.
Na comparação anual, o IPC chinês subiu 1,4% em março, no mesmo ritmo de fevereiro, vindo de uma alta de 0,8% em janeiro - a menor em mais de cinco anos. Trata-se, portanto, de um aquecimento do consumo interno. Já o índice no atacado caiu 4,6% no mês passado, na mesma base, adicionando pressões deflacionárias uma vez que segue em tendência de queda desde março de 2012 e essa trajetória ainda não se inverteu.
Boa parte desse comportamento é explicado pela queda global nos preços de matérias-primas, como petróleo e minério de ferro, além do enfraquecimento da demanda externa. O recuo só não foi maior que o do mês anterior, de 4,8%.
Especialistas afirmam que a queda contínua dos preços “na porta das fábricas” pode ser um presságio de novos estímulos monetários nos próximos meses pela segunda maior economia do mundo, em meio aos esforços em curso de Pequim rumo ao “novo normal”, no qual a dependência pela demanda externa por commodities é substituída por um robusto mercado doméstico consumidor de produtos de maior valor agregado.
Trata-se de uma proposta que estaria alinhada ao “sonho chinês”, que busca engajar a população de mais de um bilhão de pessoas em torno de um objetivo comum, que traz consigo uma resposta direta à ideia do “sonho americano” e também é uma provocativa conotação de superação em meio às recentes crises dos países centrais do capitalismo.
Professor estudioso sobre a cultura chinesa, Daniel Veras, da Universidade de Hubei, lembra que a proposta dos líderes chineses é de tentar elevar o moral do povo e criar auto-confiança através deste slogan, sem deixar de reforçar a sociedade harmoniosa da China. Ao mesmo tempo, entretanto, o “sonho chinês” sugere que o ideal norte-americano, ainda que criticado, persiste como ideal a ser atingido e copiado.
