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Atenção para BCs, mas sem descuidar da política


Com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o vice-presidente da República, Michel Temer, assumindo o comando de áreas estratégicas do governo Dilma, a crise política em Brasília parece estar encaminhada e os mercados domésticos podem olhar para outros fronts. Até mesmo a aprovação, ontem à noite, do texto principal do projeto que regulamenta e estende a terceirização no mercado de trabalho brasileiro contempla importantes pedidos da equipe econômica.

Mas atendeu apenas parcialmente às reivindicações no âmbito fiscal, o que pode causar ruído. Ainda assim, em tese, agora, o PMDB ficará mais calmo. O PT, porém, vai tentar barrar no STF a votação sobre terceirizações. E o jogo político segue dificultando a tentativa de desarmar novas rebeliões.

Dito isso, as atenções se voltam para a agenda de indicadores econômicos, que está esvaziada no Brasil, dando aos negócios locais, hoje, apenas o exterior como norte. O dia começou com uma surpresa vinda da Alemanha, onde a produção industrial cresceu 0,2% em fevereiro, após uma piora no dado de janeiro, que sofreu revisão e passou de +0,6% para -0,4%.

O dado alemão, combinado com o noticiário vindo da Grécia - que cumpriu o prazo para pagar seu empréstimo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) com vencimento neste mês de abril, de cerca de US$ 500 milhões - sustenta ganhos nas bolsas europeias nesta manhã. O índice Stoxx Europe 600 estende os maiores ganhos desde janeiro, um dia após ter encerrado no nível mais alto desde março de 2000.

Os mercados de ações na Europa continuam tirando proveito da oferta abundante de recursos promovida pelo Banco Central Europeu (BCE), através do seu programa de relaxamento monetário (QE, na sigla em inglês). Se por um lado, tem-se o BC dos Estados Unidos (Federal Reserve, Fed) sinalizando certa hesitação quanto ao momento exato do início do aperto dos juros no país - se junho, setembro, dezembro ou só em 2016 - por outro lado, há toda essa liquidez na região da moeda única.

Moedas e bolsa. O euro, aliás, tem mais uma sessão volátil, à medida que o Fed dá, e ao mesmo tempo, tira. Nesse vaivém das moedas, o petróleo sofre duplamente, já que tem no desequilíbrio das condições de oferta e demanda seu principal fator de baixa.

Mas o foco entre as moedas hoje é a libra esterlina, já que o Banco Central da Inglaterra (BoE) anuncia, logo mais, às 8 horas, sua decisão de política monetária.

A taxa de juros britânica deve seguir hoje no mínimo histórico de 0,5% pelo 73º mês consecutivo, à medida que o radar no Reino Unido se desloca para as eleições gerais, em maio. As pesquisas de opinião ainda indicam que não há um vencedor claro, com o ex-primeiro-ministro Tony Blair voltando à cena política em Londres e dificultando o jogo para o atual no cargo, David Cameron.

No Brasil, é bom lembrar, o dólar voltou à marca de R$ 3,05, do início do mês passado. Em março, aliás, houve um saldo positivo líquido de ingresso de US$ 2 bilhões, calcula o BC. Boa parte desses recursos chegou pela via financeira mesmo, já que no comércio exterior, as importações superaram as exportações.

Com tantos recursos, sempre cabe uma realização de lucros pelos “gringos”. Tanto que, em abril até o dia 2, a conta começou negativa, com a saída de capital externo superando a entrada em US$ 807 milhões. A Bovespa, ontem, fechou em leve baixa.

Hoje, o calendário econômico nos Estados Unidos traz dados sobre os pedidos semanais de auxílio-desemprego feitos no país e também sobre a situação dos estoques no atacado. Ontem, a única certeza que a ata do Fed trouxe é de que, cada vez mais, a decisão sobre o rumo dos juros norte-americanos será “data-dependent”.

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